Mladic condenado a prisão perpétua por genocídio e crimes contra a humanidade na Bósnia

O “carniceiro da Bósnia” foi retirado da sala de tribunal depois de gritar ao juiz durante a leitura da sentença.

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O julgamento de Ratko Mladic prolongava-se há mais de quatro anos Reuters/POOL
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Antes da leitura da sentença foi retirado da sala de audiências por ter gritado ao juiz Reuters/HANDOUT

Ratko Mladic, conhecido como “o carniceiro da Bósnia”, que era comandante militar dos sérvios naquela antiga república jugoslava, foi condenado a pena de prisão perpétua por genocídio e crimes contra a humanidade.

Antes da leitura da sentença foi retirado da sala de audiências por ter gritado ao juiz. “Isto são tudo mentiras, vocês são todos mentirosos”, disse.

O antigo chefe militar conheceu esta quarta-feira o veredicto do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPI-J) sobre a acusação de genocídio pelos crimes cometidos na Bósnia durante a guerra de 1992-1995. Foi considerado culpado de dez dos 11 crimes de que era acusado, incluindo da morte de cerca de oito mil muçulmanos em Srebrenica e do cerco à capital bósnia, Sarajevo, durante 43 meses, onde morreram mais de 11 mil civis.

O início da sessão começou com atraso. Mladic teve de ser submetido a um exame à tensão arterial, com a defesa a pedir o adiamento da sessão em Haia.

Mladic é declarado culpado de ter promovido uma “limpeza étnica” na Bósnia com o objectivo de constituir um Estado sérvio etnicamente puro. Em Srebrenica, ordenou a morte de oito mil muçulmanos bósnios desarmados, adultos e jovens.

Mladic estava acusado pelo Tribunal de Haia desde o final da guerra, mas beneficiou da protecção do presidente sérvio Slobodan Milosevic (1991–1997) até este ser deposto e detido. O ex-militar foi capturado em Maio de 2011, depois de mais de 15 anos em fuga.

A sua condenação é considerada “um momento vitorioso para a Justiça”, segundo o alto-comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Raad al-Hussein, num comunicado citado pela Reuters.

“O veredicto de hoje é um aviso aos autores destes crimes de que não irão escapar à Justiça, independentemente do quão poderosos são ou do tempo que demorar”, sublinhou.

A defesa de Mladic já disse que vai recorrer da sentença.

O julgamento durou 530 dias, divididos ao longo dos últimos quatro anos. No total, envolveu 591 testemunhas e o Tribunal Penal Internacional analisou mais de dez mil provas relativas a 106 crimes, diz o jornal Guardian.

Nascido em 1942, em Kalinovik, na Bósnia, Mladic tornou-se militar durante a Jugoslávia de Tito. 

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