Somague avança com despedimento de “centenas de trabalhadores”

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção diz que a empresa não está a "cumprir com os termos previstos na lei para despedimentos colectivos".

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“A comissão sindical não foi ouvida. A empresa está a desrespeitar o compromisso com os trabalhadores”, explicou Albano Ribeiro ao PÚBLICO fabio augusto

A Somague vai despedir “centenas de trabalhadores”, avança Albano Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção. O Dinheiro Vivo indica “300 funcionários” e a TSF refere “200 trabalhadores”, no entanto, contactado pelo PÚBLICO, Albano Ribeiro não especifica o número de trabalhadores abrangidos.

Recordando o despedimento colectivo de “há dois anos", que atingiu "270 trabalhadores”, o sindicalista pede o fim destes processos na empresa, senão esta "desaparece".

"A Somague já foi uma das grandes empresas de construção, queremos que continue grande e saudável”, diz.

Em 2015, a Somague despediu 273 dos cerca de 2000 trabalhadores da empresa, justificando a decisão pela quebra do número de empreitadas em vários mercados, com destaque para Angola e Moçambique.

Albano Ribeiro afirma que a empresa, que conta agora com “800 trabalhadores, dos diversos sectores e sub-sectores” não está, “voluntária ou involuntariamente, a cumprir com os termos previstos na lei para despedimentos colectivos”.

“A comissão sindical não foi ouvida. A empresa está a desrespeitar o compromisso com os trabalhadores”, explicou o sindicalista dizendo que teve lugar esta terça-feira uma reunião urgente com a administração. Foi ainda marcada uma conferência para esta quarta-feira às 10h, que irá contar com a presença de alguns trabalhadores que vão aceitar o acordo de despedimento.

A administração da Somague tinha aceitado, em Setembro deste ano, a sugestão do Sindicato da Construção de Portugal para solicitar uma reunião com o ministro do Trabalho para expor a frágil situação financeira da empresa.

A Somague, fundada pela família Vaz Guedes em 1940, tem no seu currículo a construção de estradas, hospitais, estádios de futebol (incluindo cinco dos dez estádios construídos para o Euro 2004), e edifícios e complexos como a Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, ou o Hotel CR7/Pestana, no Funchal. 

Em 2004, a Somague foi integrada no Grupo Sacyr Vallehermoso após a venda por parte da família Vaz Guedes, com o objectivo de conferir uma maior escala ao grupo nacional. Em 2012, a empresa saiu de bolsa invocando a falta de liquidez do título.

O volume de negócios da empresa em 2015, última vez que apresentou contas, foi de 428,7 milhões de euros, com o mercado português a apresentar a maior fatia de 29%.

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