O que tem Natalie Portman a dizer sobre assédio? “Eu tenho cem histórias”

Actriz declara-se “felizarda” por nunca ter sido vítima de abusos, mas reconhece que sempre sofreu de “discriminação e assédio”.

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Reuters/MARIO ANZUONI

Hollywood continua a ser inundado por notícias e denúncias de assédio e a actriz Natalie Portman tem reflectido sobre o assunto. De início pensou que era uma “felizarda” porque nunca tinha sido vítima de abusos, mas depois reflectiu e reconheceu que sempre sofreu de “discriminação e assédio” em quase todos os projectos em que trabalhou.

“Quando comecei a ouvir [sobre os casos], eu estava tipo: ‘Uau, tenho tanta sorte de não ter sofrido nada disto!...’”, começou por dizer Portman, durante um debate no Vulture Festival, em Los Angeles. “E então, comecei a reflectir e continuei a pensar: ‘Tudo bem, definitivamente nunca fui vítima de abuso, definitivamente não, mas fui, de alguma forma, vítima de discriminação ou de assédio em quase todos os projectos em que já trabalhei’”, continuou, citada pela Harper's Bazaar. “Pensei que não tinha histórias para contar, mas depois pensei: ‘Espera lá, eu tenho cem histórias’.”

A actriz de Lago dos Cisnes e de Jackie recordou um encontro que considerou desapropriado com um produtor que a convidou para viajar com ele de avião. Eram só os dois e no avião havia uma cama. Não aconteceu nada, mas a actriz sentiu-se pouco confortável. “Só o facto de qualquer mulher ter receio de andar a pé sozinha, de se sentir assustada... Tenho a certeza de que os homens não sabem o que é isso”, declarou.

Natalie Portman reflectiu ainda sobre o facto de a indústria cinematográfica ser dominada por homens. Talvez seja uma maneira de manter as mulheres longe de outras mulheres, para que não possam partilhar as suas experiências de discriminação ou de assédio, observou.

Sobre discriminação, a actriz recordou um realizador que lhe chamava “cansativa” quando tentava dar a sua opinião, quando ele ouvia os actores. O que se passava era tão gritante que, numa reunião, um dos actores masculinos disse ao realizador: “Estás a ouvir-me, mas a ela não, quando estamos os dois a dizer praticamente o mesmo.”

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