Há um ano que se ouvem 90 segundos de ciência na rádio e já se pensa na televisão

Esta terça-feira, o programa 90 segundos de ciência comemora um ano e vai continuar mais um ano a passar na rádio. Mas já surgem novas ideias e a televisão pode ser o próximo caminho.

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Adriano Miranda

O programa de rádio 90 segundos de ciência sopra a vela do primeiro aniversário esta terça-feira. Este programa, que passa de segunda a sexta-feira na Antena 1, dá a conhecer os cientistas portugueses na primeira pessoa durante um minuto e meio. Neste dia de festa, contam-se 260 episódios, já se preparam programas para mais um ano e há novas ideias, nomeadamente um spin-off para a televisão. 

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O programa de rádio 90 segundos de ciência sopra a vela do primeiro aniversário esta terça-feira. Este programa, que passa de segunda a sexta-feira na Antena 1, dá a conhecer os cientistas portugueses na primeira pessoa durante um minuto e meio. Neste dia de festa, contam-se 260 episódios, já se preparam programas para mais um ano e há novas ideias, nomeadamente um spin-off para a televisão. 

Tudo começou numa aula do mestrado de Comunicação de Ciência, que é uma parceria entre o Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), ambos da Universidade Nova de Lisboa. Num dos exercícios, uma aluna apresentou um programa de rádio da Universidade de Yale (nos Estados Unidos), o Climate Connections. Durante 90 segundos, o programa expõe temas sobre as alterações climáticas. E eis que surgiu a ideia: por que não fazer também um programa de rádio para divulgar a ciência em Portugal? A partir daí, preparou-se um episódio-piloto, enviou-se para a Antena 1, que acabou por achar a ideia interessante, e teve-se o apoio da empresa Novartis. A 21 de Novembro de 2016, em plena Semana da Ciência e da Tecnologia, estreou-se o primeiro episódio.

Em cada episódio, um cientista expõe o seu trabalho, desde as ciências naturais, passando pelas humanidades até à agronomia. “O objectivo é ter diversidade de temas, de investigadores e de localizações”, explica António Granado, professor na FCSH e um dos coordenadores do programa, juntamente com Paulo Nuno Vicente (da FCSH) e Joana Lobo Antunes.

De segunda a sexta-feira estreia-se sempre um episódio às 18h58 na Antena 1, que é repetido no dia seguinte às 10h58. Cada programa é também transmitido todos os dias na RDP Internacional e na RDP África. Depois, os episódios ainda ficam disponíveis no RTP Play ou no site dos 90 segundos de ciência.

Por trás destes quase 300 episódios estão várias pessoas. Joana Lobo Antunes, coordenadora do Gabinete de Comunicação do ITQB, é quem “descobre” os investigadores nas várias instituições do país, juntamente com Patrícia Pires, também do ITQB. Depois, Adriano Cerqueira, bolseiro deste projecto, faz as entrevistas e a Paulo Castanheiro cabe a pós-produção do áudio. “É um trabalho árduo”, refere Joana Lobo Antunes, acrescentando que o facto de surgirem cada vez mais gabinetes de comunicação nas instituições torna mais fácil descobrir histórias de cientistas.

E há muitas para contar? “Muitas! Uma das coisas divertidas é que atrás de cada projecto giro vem outro.” E entre as muitas histórias marcantes, Joana Lobo Antunes dá o exemplo de um robô para monitorização da vinha ou da investigação de lulas na Antárctida.

E passado um ano, qual é o balanço? “É muito positivo e estamos muito contentes. Conseguimos pôr no ar 260 investigadores de várias áreas. No início perguntavam-nos se havia assim tantos”, conta Joana Lobo Antunes, acrescentando que para alguns investigadores esta é a primeira experiência a falar com os media. Devido ao “esvaziamento” das redacções dos órgãos de comunicação ou à falta de jornalistas especializados em ciência, António Granado destaca ainda a forma como o programa é feito. “Este modelo de uma universidade passar um programa de ciência para um órgão de comunicação social é interessante e pode vir a acontecer mais vezes. Se for suficientemente independente.”

O 90 segundos de ciência vai continuar por mais um ano, informam os dois coordenadores. “E estamos sempre disponíveis para receber sugestões”, avisa António Granado. Com isto, adianta que já se pensa num spin-off deste programa para a televisão. “Terá o mesmo conceito, o trabalho de um cientista, mas é preciso outro formato com cinco minutos de ciência e seria um programa semanal.”

Por enquanto, vai continuar a passar na rádio. Desvendemos então um pouco do episódio de aniversário: vamos poder conhecer um comunicador de ciência. Pedro Russo, professor de astronomia na Universidade de Leiden (Países Baixos), vai falar de um estudo sobre comunicação de ciência. “Tem vindo a crescer o número de profissionais de comunicação de ciência, mas muitos cientistas que querem comunicar acabam por não o fazer”, conta no episódio. Por isso, nesse estudo tentou perceber melhor as razões, os obstáculos e como isso pode ser resolvido. Quem sabe não virá a ajudar algum cientista que contará depois a sua história nos 90 segundos de ciência