Em Viseu há o PSD da câmara que está com Santana e o do “aparelho” que apoia Rio

Presidente da distrital, Pedro Alves, desvaloriza divisões internas e diz que se Passos Coelho fosse candidato voltaria a ganhar.

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Rui Rio, Santana Lopes e Passos Coelho n Jornadas Parlamentares do PSD, em Braga LUSA/HUGO DELGADO

Viseu já não é o cavaquistão de outros tempos, coeso e unido. Na corrida à liderança do PSD, está dividido. A Câmara de Viseu está com Pedro Santana Lopes que convidou Almeida Henriques para ser seu mandatário nacional, já a distrital do partido, liderada pelo deputado Pedro Alves, assume, em declarações ao PÚBLICO, o seu apoio a Rui Rio.

“Apoio o dr. Rui Rio por entender que neste momento é a pessoa que tem melhores condições políticas para ser primeiro-ministro e que consegue gerar algumas expectativas relativamente a uma vitória do PSD no futuro”, afirma Pedro Alves, referindo que o seu apoio, que decorre de uma “profunda reflexão” que, contudo, não vincula a estrutura distrital, a quem comunicou a sua decisão.

Salvaguardando que a decisão de apoiar Rui Rio ”nada tem a ver com as características especificas de um ou de outro candidato”, o presidente da distrital social-democrata de Viseu revela que só interiorizou que vai votar no ex-presidente da Câmara do Porto depois de ter ouvido muitas pessoas, incluindo os dois candidatos, autarcas e militantes. “Fiz uma avaliação durante um período largo de tempo e só decidi depois de ouvir os candidatos”, garante, revelando que a comissão política distrital do PSD tomou a iniciativa de convidar Rui Rio e Santana Lopes. A assembleia distrital de Viseu – revela – “foi a primeira a solicitar a presença dos dois candidatos para apresentarem as suas propostas para o partido”.

Pedro Alves não tem dúvidas que “neste momento as condições estão reunidas” para que o ex-presidente da Câmara do Porto “consiga ter uma capacidade de mobilizar melhor a sociedade portuguesa. “É uma avaliação que faço e que tem a ver com as expectativas que se estão a gerar junto dos portugueses. E se os portugueses têm essa expectativa acho que cumpre ao PSD e aos seus militantes ir ao encontro daquilo que são essas mesmas expectativas para que possam confiar nesse mesmo candidato a responsabilidade de governo o país”.

Em declarações ao PÚBLICO, o deputado e vice-secretário da Mesa da Assembleia da República, tenta desvalorizar divisões internas, afirmando que Almeida Henriques, que é conselheiro nacional do PSD eleito nas listas de Passos Coelho, fez “certamente uma avaliação em função daquilo que são os critérios ou as variáveis importantes e os requisitos que um candidato a líder do PSD tem que ter e achou que o dr. Pedro Santana Lopes é aquele que cumpre essas mesmas variáveis”.

De resto, sublinha, “não é a primeira vez” que em Viseu acontecem situações destas. “Não está em causa rigorosamente coisa nenhuma, são opções, são avaliações individuais”, declara numa tentativa de esvaziar eventuais polémicas.

“Não estou aqui a vincular a minha posição política, estou a dar a minha opinião e transmiti-a à comissão política distrital distrital”, declara, referindo que respeita as diferenças de opinião. E porque o objectivo é o PSD constituir-se em 2019 como uma alternativa a António Costa, o dirigente distrital observa que o que “interessa é no dia seguinte às eleições directas [13 de Janeiro] estarmos todos a construir uma solução alternativa a este governo de esquerda”. “Estar eu aqui de um lado e o dr. Almeida Henriques do outro não é relevante, nem sequer divide o partido. São posicionamentos diferentes que, sobretudo, ajudam aquele militante que esteja menos esclarecido”.

“Passos voltaria a ganhar se fosse candidato”

Revelando alguma surpresa com o facto de Pedro Passos Coelho não se recandidatar à liderança do PSD - “com toda a franqueza, esperava que a equação fosse outra e que houvesse outras candidaturas no terreno” -, o deputado acredita que se isso acontecesse o ainda presidente social-democrata “voltaria a ganhar” e a “merecer a confiança de todos”. “Se o dr. Pedro Passos Coelho avançasse, tenho a certeza de que teria as melhores condições para voltar a ganhar o partido até porque há um reconhecimento da nossa parte, de grande parte dos militantes e dos dirigentes pelo trabalho que fez enquanto presidente do PSD e também como primeiro-ministro”, afirma.

Em nome da clarificação, o deputado social-democrata diz ainda que tem de haver debates televisivos entre os dois candidatos do partido. “A grande maioria dos militantes não tem um posicionamento formulado e final, está na expectativa de perceber”, diz, notando que a campanha é longa e que os dois meses que faltam “podem trazer algumas mudanças de comportamentos”.

E porque o combate vai ser difícil entre duas sensibilidades do partido, o presidente da distrital viseense avisa que não há vencedores antecipados e recua a 2007 para dizer que, na altura, Marques Mendes tinha a “maioria das concelhias, das distritais e dos autarcas, mas quem venceu o congresso foi Luís Filipe Menezes. É preciso termos esta noção”.

A dois meses da realização das directas, Pedro Alves detém-se no perfil do militante do PSD para dizer que “é muito racional”, ou seja, quando vota, “vota por convicção”, ao contrário dos dirigentes que “muitas vezes têm um posicionamento de conveniência”.

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