Altice estanca sangria em bolsa com "forte posição de liquidez"

A dona da Meo procurou, no arranque desta semana, acalmar as dúvidas em torno da sua capacidade financeira, depois dos resultados decepcionantes. E conseguiu, para já, tendo as acções recuperado 5% esta segunda-feira.

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Crise na Altice já levou à saída de Michel Combes Nuno Ferreira Santos

"A Altice tem uma estrutura de capital robusta, diversificada e de longo prazo com uma forte posição de liquidez", mais concretamente, 1,66 mil milhões de euros de liquidez no seu balanço, no final do terceiro trimestre, e 3,5 mil milhões de linhas de refinanciamento abertas e disponíveis com uma maturidade média de 3,9 anos. Com estes dados, comunicados antes da abertura da sessão bolsista desta segunda-feira, em conjunto com uma série de desmentidos acerca de rumores de mercado, a empresa de Patrick Drahi procurou acalmar os mercados. 

E foi bem-sucedida. As acções da Altice fecharam o dia a subir 5%, com uma quantidade de operações acima da média habitual, espelhando a retoma de alguma confiança na empresa por parte dos investidores. Já no final da semana passada, depois de uma intervenção de Drahi junto de gestores de carteiras, os títulos tinham estagnado depois de uma espiral descendente que representou a perda de 60% do valor da empresa em bolsa desde o início do ano. 

A Altice, no mesmo documento, aproveitou para ir desmentido algumas das especulações que correm entre os investidores. Em primeiro lugar, assegurou que não está a preparar qualquer aumento de capital para reforçar a sua solidez depois da crise bolsista das últimas semanas. Depois, corrigiu a informação que andava a circular que o seu accionista principal Next teria vendido no mercado 81 milhões de acções. E esclareceu ainda que as acções atribuídas a um dos seus administradores - o financeiro, mas sem referir qual - foram vendidas entre Setembro e Novembro de 2017 devido a "circunstâncias de vida imprevisíveis". 

A operadora reiterou que irá avançar com um programa de redução de dívida, que não irá participar em mais operações de consolidação no sector e que irá vender activos não estratégicos na Europa, como torres de telecomunicações, esperando resultados desta estratégia no primeiro semestre do próximo ano. 

Finalmente, confirmou que as linhas de financiamento com a banca estão asseguradas por garantias da própria Altice, não havendo cláusulas que obriguem ao seu reforço na sequência da desvalorização acentuada das acções. E aproveitou para relembrar que a sua dívida tem uma maturidade média de 6,3 anos.

Para Pedro Oliveira, analista do BPI, citado pela Reuters, "a Altice parece estar sob grande pressão dos investidores devido ao seu balanço muito alavancado. O aumento da percepção de risco traz alguns riscos para a aquisição da Media Capital, achamos". E vai mais longe: "Se a pressão aumentar poderemos ter cenários em que haverá alguma perda de foco nas operações portuguesas que poderão dar à Nos a oportunidade para uma segunda vaga de ganhos de quota de mercado", acrescentou Pedro Oliveira.

Entretanto, durante esta segunda-feira, a Meo enviou um esclarecimento às redacções a explicar que "não comentamos rumores e negamos que Claudia Goya esteja de saída da empresa", numa referência à notícia do jornal económico Eco de que a presidente executiva da Meo havia sido demitida do cargo que ocupa. 

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