Sons em Trânsito com Luaty Beirão a abrir e “funzy” e “ethio-jazz” a fechar

Desta segunda-feira até sábado, o festival de Aveiro apresenta a sua 8.ª edição. Esta noite há uma tertúlia com Luaty Beirão e Pedro Abrunhosa. Depois, virão quatro concertos duplos com muita música e ainda mais mundo.

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Liniker & Os Caramelows (Brasil) LEILA PENTEADO
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The Touré-Raichel Collective (Mali/Israel) DR
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Vinicio Capossela (Itália) DR
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Jorge Drexler (Uruguai) DANIEL ROCHA
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Mulatu Astatke (Etiópia) DR

É com palavras que começa esta segunda-feira a 8.ª edição do festival Sons em Trânsito em Aveiro. Mas palavras com música: Luaty Beirão, músico e activista angolano, conversará com Pedro Abrunhosa sobre este tema: “Pode uma canção fazer uma revolução?”. É no Teatro Aveirense (às 21h30) e tem entrada gratuita, mas só para quem mostrar um bilhete para um dos concertos. Limite? A lotação da sala.

Realizado pela primeira vez em 2002 e interrompido em 2007 devido à crise, o festival regressou em 2016 com novo fôlego e nomes fortes: Elza Soares, Vicente Amigo, Amadou & Mariam, Mayra Andrade, Ed Motta, Céu, Aline Frazão e Toty Sa’Med. Foi um êxito e, por isso, a organização replicou  o formato em 2017: quatro concertos duplos em noites consecutivas (de 22 a 25). A tertúlia, a abrir, é novidade. Assim, por ordem de entrada em palco, teremos dia 22 Egschiglen (Mongólia) e The Touré-Raichel Collective (Mali/Israel); dia 23 Roberto Fonseca (Cuba) e Vinicio Capossela (Itália); dia 24 Júlio Resende (Portugal) e Jorge Drexler (Uruguai); e dia 25, sábado, a fechar, Liniker & Os Caramelows (Brasil) e Mulatu Astatke (Etiópia). Os primeiros concertos são às 21h30 e os segundos às 23h, sempre no Teatro Aveirense.

Vasco Sacramento, programador do festival e director da Sons em Trânsito, justifica a tertúlia na abertura com uma percepção sua: “As pessoas estão muito sedentas de conversar e de ouvir conversar. É um formato que tenho explorado noutros eventos com resultados muito animadores. Eu já tinha convidado o Luaty o ano passado mas ele não tinha disponibilidade para vir.” As razões do tema, encontra-as na história: “As músicas do mundo sempre tiveram um papel muito relevante em processos revolucionários, de libertação, de contestação, quer política quer pelos direitos sociais. E achei que fazia sentido fazer uma conversa à volta do tema.” Luaty, em Angola, foi “uma referência de alguém que levou a sua luta às últimas consequências”; e Pedro Abrunhosa, como interlocutor, foi escolhido por “ter uma reflexão muito importante nessa matéria.”

Quanto às músicas, este ano quis-se abrir mais o leque dos países representados, já que em 2016 o cartaz foi sobretudo lusófono. Agora há, diz a organização, 11 países representados, 4 continentes e até (mas isso foi coincidência) 4 religiões diferentes. “Não foi um processo racional, aconteceu”, diz Vasco Sacramento. “Mas foi um feliz acaso, porque uma das marcas do festival é a diversidade. E uma das obrigações do evento é promover essa diversidade. Temos concertos de que as pessoas ainda se recordam, de há dez ou mais anos, com artistas da Arménia, da Etiópia, do Mali.”

Surpreendidos positivamente

E logo os primeiros concertos, no dia 22, unem Mongólia, Mali e Israel. “Só esse dia é uma amostra perfeita dessa diversidade. Pouca gente conhecerá os Egschiglen, eu sei, mas o desafio também é esse: as pessoas saírem de casa e passarem um ‘cheque em branco’ à organização, acreditando que vão ser surpreendidas positivamente.” De entre os nomes presentes no cartaz, ele acha, inclusive, que o segundo concerto do primeiro dia será dos mais surpreendentes. “É um concerto muito elegante, sofisticado.”

Mas as noites seguintes, com o pianista cubano Roberto Fonseca e o cantautor italiano Vinicio Capossela, ou com a actuação do cantautor uruguaio Jorge Drexler, antecedido pelo pianista Júlio Resende com o seu projecto Amália, também prometem. “O Vinicio, o único repetente e um histórico do festival, é, ao vivo, dos artistas mais imperdíveis que há. E o Drexler é dos mais inspirados escritores de canções do mundo ibero-americano dos últimos anos.” 

A última noite tem nomes pouco conhecidos, mas “apelam a um público mais jovem”, diz Vasco Sacramento.” Os brasileiros Liniker & Os Caramelows, embaixadores do som a que chamam “funzy”, “fazem lembrar uma versão lusófona do Antony and the Johnsons.” E Mulatu, “pai do ethio-jazz”, é, diz Vasco Sacramento, “um daqueles casos que a internet resgatou e que tem um trabalho de grande qualidade.” 

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