Ordem dos Médicos vai fazer auditoria às unidades com capacidade formativa

O bastonário da Ordem dos Médicos diz que a correcção das falhas não se torna importante apenas para garantir uma melhoria da resposta à população, mas sobretudo para aumentar a capacidade que o país tem "para formar médicos".

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"O Serviço Nacional de Saúde sem os jovens médicos perde a capacidade de inovação", asseverou Miguel Guimarães Paulo Pimenta

A Ordem dos Médicos vai avançar com uma auditoria "a todas as unidades de saúde" com potencial para formar médicos, para garantir uma melhor formação e menos médicos sem especialidade, disse o bastonário neste domingo.

"Estamos em risco, neste momento, de não termos a capacidade suficiente para continuar a formar os médicos necessários com a qualidade que é devida. Esta é uma matéria urgente e uma matéria que merece e que vai merecer uma auditoria da parte da Ordem dos Médicos a todas as unidades de saúde que têm potenciais capacidades para formar médicos", afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que discursava durante uma cerimónia do Juramento de Hipócrates, em Coimbra.

Segundo o responsável, esta auditoria vai permitir identificar "as deficiências e insuficiências do Serviço Nacional de Saúde, para que possam ser devidamente compensadas, quer em capital humano, equipamentos, materiais ou outros dispositivos".

Para Miguel Guimarães, a correcção das falhas não se torna importante apenas para garantir uma melhoria da resposta à população, mas sobretudo para aumentar a capacidade que o país tem "para formar médicos".

"Não queremos em Portugal médicos indiferenciados, médicos sem especialidade", defendeu o bastonário, sublinhando que a presença de médicos sem especialidade no sistema, a curto e médio prazo, vai "diminuir aquilo que é a qualidade global da medicina".

Durante o discurso, o responsável chamou ainda a atenção que, apesar de Portugal formar muitos médicos, muitos vão trabalhar para outros países, há cada vez mais profissionais a optar por trabalhar exclusivamente no sector privado e regista-se também um incremento de médicos a reformar-se de forma antecipada.

"Formamos médicos em excesso relativamente às necessidades do país, mas, infelizmente, por várias razões, sobretudo pelo subfinanciamento crónico", o Serviço Nacional não está "a contratar médicos", bem como outros profissionais do sector nos números que seriam necessários, notou.

Dirigindo-se para os novos médicos que prestam este domingo o Juramento de Hipócrates, Miguel Guimarães criticou ainda a ausência do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerando que o membro do executivo deveria ter estado na cerimónia, para acarinhar "o futuro da medicina em Portugal". "O Serviço Nacional de Saúde sem os jovens médicos perde a capacidade de inovação", asseverou.

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