Quem sois?

De onde vieram os milhares de passarocos pequenos e gorduchos que nos enchem os olhos na luz de Novembro?

De onde vieram os milhares de passarocos pequenos e gorduchos que nos enchem os olhos na luz de Novembro? Houve alguma geração suplementar? Caíram de que ninhos? Quem são os pais? Porque é que se portam tão mal?

Ganhei horas no fascinante wilder.pt a ver se descobria. Seriam papa-moscas-pretos? Não, são mais cinzentos e, para mais, não me parece que estas malditas moscas estejam a ser papadas por uma única criatura que seja.

O pior é que se atravessam na estrada, rentes ao alcatrão, correndo o risco de serem colhidos ou atropelados. Já que sabem voar, porque não voam por cima dos automóveis, para não ficarmos com os corações atropelados cada vez que damos uma curva?

É a estrada que é quentinha? Terão frio? Estará cheia de insectos convenientemente atropelados num churrasco irresistível de roadkill? Serão papa-moscas, mas incuravelmente necrófagos? Com aquelas cabecinhas bolachudas? Custa-me a crer.

Os gatos são piores ainda. Mal cai a night (começa a tocar o Stand by me de Ben E. King: “When the night has come and the way is dark/And the moon is the only light you see...”) desatam a atravessar as estradas à maluca, sem olhar nem para a esquerda nem para a direita, como se estivessem a jogar roleta-russa com os automóveis aleatórios, desafiando-os a conseguir apanhá-los.

Quando por milagre chegam ao outro lado (a única coisa que podemos fazer é andar devagarinho e ter um pé permanentemente depositado no pedal do travão), galgam muros de três metros só para não ficarmos com dúvidas.

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