“Dragão” quase paralisava a testar limites do sofrimento

FC Porto marcou cedo ao Portimonense e criou a falsa ilusão de uma eliminatória fácil. Aboubakar e Brahimi asseguraram o apuramento para os "oitavos" nos descontos.

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LUSA/JOSE COELHO

O FC Porto evitou, no limite, com golos de Aboubakar e Brahimi (já no período de compensação) uma eliminação dolorosa na Taça de Portugal em casa, frente ao Portimonense, acabando por dar a volta (3-2) a um jogo que até começou bem, mas que depois da vantagem caminhou rapidamente para o abismo.

Sérgio Conceição resistiu à tentação de uma operação de cosmética, mantendo toda a estrutura defensiva com a excepção do guarda-redes, uma das notas de destaque nas escolhas do treinador, que devolveu a titularidade a Iker Casillas. A própria titularidade de Danilo, aparentemente imune ao ruído e ao desgaste sofrido ao serviço da selecção, constituiu prova inequívoca de que o FC Porto só arriscaria o mínimo indispensável, armando um esquema de 4x4x2, com André André a surgir na sombra de Aboubakar, enquanto Hernâni e Corona procuravam dar maior largura ao ataque.

Apesar dos antecedentes, o “dragão” reconhecia a imprevisibilidade ofensiva da formação algarvia, também ela com uma postura cautelosa, com Fabrício no banco, cinco unidades na linha média e apenas Nakajima livre para perturbar o sossego dos centrais portistas. Infeliz ou felizmente para os planos do Portimonense, o FC Porto marcou muito cedo. Mais uma vez de bola parada, na sequência de um canto de Alex Telles em que Danilo se livrou da marcação para dar vantagem e conforto aos portuenses (4’).

Vítor Oliveira abanava a cabeça, mas a equipa teve o mérito de ir à luta, de enfrentar o destino que parecia traçado e de obrigar Casillas a mostrar a frieza necessária num par de situações que o FC Porto acabaria por conter. Sérgio Conceição percebia que a relação de André André com Aboubakar não estava a funcionar, emergindo antes Jesús Corona como principal desequilibrador. Ao mexicano faltou, contudo, inspiração e eficácia. Danilo impunha-se e carregava a equipa, que recuperava o controlo sem problemas. Mas a eficácia do médio caiu e o bis roçou a barra de Carlos Henriques.

O FC Porto construía as melhores situações de golo, invariavelmente de bola parada (como o cabeceamento de Felipe), mas foi o Portimonense a aproveitar uma desconcentração de Ricardo para obter o golo do empate, num lance que Wellington aproveitou para potenciar as dúvidas portistas (30’).

Sem contemplações, depois de uma hesitação de Hernâni, Sérgio Conceição solicitou na segunda parte a intervenção de Brahimi num jogo que começava a reclamar um rasgo. Mas o azar do FC Porto foi precisamente um rasgo de Pedro Sá, numa altura em que o técnico da casa promovia a estreia do avançado André Pereira. Um remate indefensável, de meia-distância, deixava o FC Porto em choque e vulnerável à reserva de veneno que o Portimonense ainda tinha à disposição para paralisar o “dragão”.

Apesar de ferido no orgulho, o FC Porto não abdicava dos seus princípios e pressionava cada vez mais. Corona cedia o lugar a Layún, que recebeu um amarelo instantaneamente, enervando ainda mais os “dragões”. Sérgio Conceição era expulso por reclamar um penálti sobre André Pereira e a ideia de ser eliminado em casa por uma equipa que goleara para o campeonato ganhava forma, apesar da expulsão do central Felipe Macedo (79’).

A verdade é que os algarvios atingiram o minuto 90 virtualmente nos “oitavos”, sem suspeitarem que os sete minutos de compensação seriam fatais. Aboubakar igualou de pronto (90+1’) e teria participação no lance que mudou de forma abrupta o desfecho, falhando uma recepção que resultou numa assistência para Brahimi dar o apuramento ao FC Porto rumo aos oitavos-de-final.

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