Foi há 300 anos que se lançou a primeira pedra em Mafra

Do Tratado à Obra, que é inaugurada esta sexta-feira, assinala a efeméride do lançamento da primeira pedra do Palácio Nacional de Mafra e mostra como é que este imponente edifício barroco foi erguido.

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Os 300 anos do começo da construção do Palácio de Mafra em Do Tratado à Obra Rui Gaudêncio
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Um modelo para representar como funciona a mecânica dos arcos de uma ponte Rui Gaudêncio
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Os 300 anos do começo da construção do Palácio de Mafra em Do Tratado à Obra Rui Gaudêncio
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Os 300 anos do começo da construção do Palácio de Mafra em Do Tratado à Obra Rui Gaudêncio
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Os 300 anos do começo da construção do Palácio de Mafra em Do Tratado à Obra Rui Gaudêncio

Foi exactamente a 17 de Novembro de 1717 que se começou a construir o Palácio Nacional de Mafra. A exposição Do Tratado à Obra, que é inaugurada esta sexta-feira, comemora os 300 anos do lançamento da primeira pedra do imponente edifício barroco mandado erguer por D. João V. Espalhada ao longo de várias salas do palácio, foca-se na construção do palácio, mais propriamente no trabalho do alemão João Frederico Ludovice, o arquitecto principal, mas também de outros que contribuíram para a sua edificação. 

Tal abertura faz-se com um dia inteiro de festividades, de manhã à noite. Às 18h30, é lançado o 35º número da revista Monumentos, edição da Direcção-Geral do Património Mundial, dedicada ao palácio. Já às 22h, um concerto com seis órgãos e três coros. No início do mês, a Sala do Trono do palácio foi reaberta ao público após obras de restauro. Os carrilhões e sinos, que também estão prestes a ser reabilitados, ainda não estão a funcionar em pleno.

A exposição foi apresentada à imprensa na quinta-feira, numa visita guiada orientada pelos curadores, Sandra Vaz Costa, Sérgio Gorjão e Paulo Pereira, e por Paula Silva, a directora-geral do Património Cultural. Do Tratado à Obra, que inclui gravuras, materiais e instrumentos de construção, modelos de estátuas e vários objectos, de pesos a cabrestantes e compassos a moitões, conta com uma parceria com a Faculdade de Arquitectura de Lisboa, que, segundo a directora, fez um varrimento de laser 3D que foi aproveitada para uma maqueta de madeira do palácio que ainda não estará disponível logo na sexta-feira, mas fará parte da exposição “em breve”.

Ao PÚBLICO, Paulo Pereira disse que, inicialmente, “a exposição era para ser apenas uma exposição de módulos informativos relativos a Ludovice”, mas “foi ganhando peso a hipótese de mostrar muitas das peças que fazem parte das reservas do palácio, têm um valor imenso e raramente foram expostas”. Pereira, que é historiador de arte e docente na Faculdade de Arquitectura, está ligado ao projecto por causa do protocolo com a sua faculdade. “Não é fácil expor nestas salas seja o que for”, diz ainda, muito menos de uma forma que seja “criteriosamente museográfica”, gabando o trabalho do designer, José Dias. 

O curador realçou também, da exposição, o foco na “materialidade da obra” e o facto de a mostra incluir tratados de arquitectura do século XVIII, vindos da biblioteca do Palácio, que dão uma ideia das técnicas e conhecimento que foi necessário para criar a obra. E ainda a envergadura dos trabalhos, que, na recta final da construção, envolveram cerca 45 mil homens, após um mandato do rei a obrigar todos os operários do reino a irem para Mafra – algo que levou a que houvesse um período em que no resto do país não havia reparações nem novas obras. Durante a visita guiada, recomendou os visitantes a lerem ou relerem Memorial do Convento, o livro de José Saramago de 1982 que explora a construção do palácio.

Depois do fim da exposição, em Maio do próximo ano, a ideia é que os conteúdos sejam mostrados na Baviera, e o objectivo é que a recolha e a investigação dê origem a algo mais permanente. Diz Paulo Pereira: “Há uma intenção de constituir um museu de obra que pode reunir muitos destes materiais que aqui vemos. Terá de ter uma organização diferente. Há mais elementos e materiais de construção, mas alguns precisam de ser restaurados e revistos.”

DGPC não fala sobre polémica do panteão

No final da visita, Paula Silva recusou-se a responder a perguntas dos jornalistas acerca da polémica sobre a revisão do despacho que regula o aluguer de partes de monumentos e museus para eventos privados, depois da polémica que envolveu o primeiro-ministro e o ministro da Cultura que discordaram da realização de um jantar da Web Summit no Panteão Nacional, em Lisboa. “Não queria, depois de estarmos a falar dos 300 anos de Mafra, que isso fosse o motivo principal desta nossa entrevista, peço imensa desculpa. Haverá um momento depois para falarmos disso”, disse, após ter reiterado que o despacho estava a ser revisto “conforme as orientações recebidas” e que o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, iria pronunciar-se em breve sobre o assunto. Em declarações posteriores ao PÚBLICO, o gabinete da DGPC reiterou que o despacho estará pronto em breve.

Quanto à mesma polémica, Pereira, que foi vice-presidente do IPPAR, o antecessor da DGPC, comenta: “Foi uma coisa que sempre se fez. E não há nada de transcendente no que aconteceu no Panteão, a não ser o facto de haver esta tendência viral.” Sobre a dimensão que o caso do Panteão tomou: “Acaba por estragar a vida às pessoas. Já não estou envolvido em nada de institucional que tenha que ver com isso. Sei como isto custa, porque as pessoas fazem um esforço tremendo para fazerem as coisas bem feitas.”

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