Vodafone Mexefest: o mais difícil é escolher

O Vodafone Mexefest volta a mexer com a cidade de Lisboa a 24 e 25 de Novembro, mas há Gisela João já este Sábado. Um warm up que conta com vários convidados e promete fazer magia no Capitólio.

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Vanessa Careta, Música no coração e Leonor Dias, Vodafone Michael Matias
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Leonor Dias Michael Matias
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Vanessa Careta Michael Matias

Uma semana antes da abertura de portas, o “Vodafone Mexefest canta Gisela João”, o concerto surpresa do cartaz que preencherá a emblemática sala do Capitólio. Com entrada livre, este aperitivo para o Vodafone Mexefest acontece já no próximo Sábado, dia 18 de Novembro, às 21h20. Este concerto inédito vai contar com a participação de Luísa Sobral, Samuel Úria, DJ Stereossauro e MOMO, convidados pela fadista que vai reinterpretar algumas das canções que a tornam um dos nomes sonantes no actual panorama musical português.

Gisela, que já integrou anteriormente o festival, faz assim a antevisão do evento que vestirá a cidade de Lisboa com mais de 50 espetáculos em diversos locais ao longo de dois dias. Quem já viveu o Vodafone Mexefest, conhece bem a sensação da descoberta constante de locais e recantos incomuns, a par de experiências musicais nunca antes vividas naqueles contextos.

Conversámos com a Directora de Marca e Comunicação da Vodafone Portugal, Leonor Dias, e com Vanessa Careta, booker da “Música no Coração”, a propósito desta edição que apresenta um dos cartazes mais ecléticos de sempre. Cigarettes After Sex, Destroyer, Everything Everything, Julia Holter, Liars, Manel Cruz, Orelha Negra, Valete e Washed Out encabeçam um cartel que reúne novos talentos e artistas consagrados, numa convivência de géneros que vão do hip hop ao fado, passando pela electrónica e pelo rock, até ao cancioneiro popular português.

O Vodafone Mexefest reflecte na perfeição o posicionamento de trendsetter que a marca escolheu para a música. Define tendências e em muitos casos prevê o que se vai ouvir em massa daqui a algum tempo. “O facto de se ouvir primeiro aqui, liga-se a esta visão futurista que nós temos da marca.” conta Leonor Dias, coerente com a ideia de que este é o primeiro grande evento a acontecer depois da recente mudança de imagem, com uma nova assinatura, mais orientada para o futuro.

O festival tem assumido um carácter futurista graças a uma série de ilustres desconhecidos que fizeram o cartaz em edições anteriores e que chegaram ao estrelato algum tempo depois de passar por lá. Leonor recorda com entusiasmo as atuações de ALT-J, James Blake e Benjamin Clementine, todos contemplados com o Mercury Prize já depois de terem actuado no Vodafone Mexefest. “É engraçado perceber quais os nomes que cresceram muito e os que nem por isso”, diz Vanessa Careta, lembrando a estreia dos King Gizzard & the Lizard Wizard em Portugal, quando tocaram na Garagem EPAL para 200 pessoas, na edição de 2014. “Hoje são uma das maiores bandas de rock da Austrália”, o que prova que o Vodafone Mexefest funciona como um autêntico detector de música de qualidade.

“Não há nenhum festival que mostre tantos novos talentos em tão pouco tempo. São 57 bandas em dois dias e metade do cartaz é desconhecido para uma grande parte público”, salienta Vanessa Careta, reconhecendo que o sucesso resulta também da forma como as pessoas veem o festival, como espaço de descoberta e “com alguma confiança nas nossas escolhas.”

Uma grande parte do público vai ao festival para se deixar surpreender e viver novas experiências. Os estudos de mercado indicam que a média de idades é de 29 anos, com a maioria entre os 20 e os 35, formando um público culto, urbano e melómano, mas que também aprecia outras formas de manifestação de cultura. Muitos acabam por actuar como influenciadores digitais da marca na internet, ajudando a criar um word of mouth positivo que vai influenciar a opinião do público em geral.

O foco na partilha

Nesta edição, o desafio tecnológico passa por garantir uma presença forte online com snapshots dos concertos, das músicas mais emblemáticas. “A ideia é amplificar também nas redes sociais”, frisa a directora. "Se por um lado ter muita gente com os telemóveis no ar durante os concertos pode ser desconfortável, por outro pode ser útil para quem não pode ir ao festival".

O Vodafone Mexefest procura descobrir novas sonoridades, mas sobretudo revelar talento e “isso é muito coerente com aquilo que fazemos também nos negócios. Nós apoiamos jovens talentos quando ajudamos a lançar startups” diz Leonor Dias, notando “que as marcas acabam por se associar a eventos relacionados com o seu ADN e com a sua forma de estar no mercado”.

A responsável explica que a Vodafone não se limita a dar o naming ao festival. “Nós queremos ter uma participação activa na construção dos festivais, queremos deixar a nossa personalidade de marca e acrescentar valor em tudo aquilo que fazemos. Acreditamos que aquilo que fazemos todos os anos com a Música no Coração é proporcionar boas experiências, queremos que as pessoas construam boas memórias connosco”.

Conjugando a descoberta da música e da cidade, o festival decorre em espaços simbólicos como o Coliseu dos recreios, o Palácio Foz, o Cinema São Jorge, o Palácio de Independência e o Teatro Tivoli. Mas também há salas novas que se tornaram ícones do festival muito rapidamente, caso do CineTeatro Capitólio que estava fechado há 30 anos, e que na última edição voltou a ser uma das salas principais. Vanessa Careta aponta a evolução e o crescimento que “obriga a reinventar o festival todos os anos, acabando por se desenrolar de uma forma bastante orgânica, muito ligado à cidade.”

Reinventar os espaços

O Vodafone Bus regressa também à Avenida da Liberdade, circulando em loop entre o Marquês de Pombal e os Restauradores como um palco móvel, sempre muito concorrido, que acaba por contagiar também aqueles que estão apenas de passagem.  É mais uma forma diferente de consumir música, tal como acontece com o palco Vodafone FM situado na estação ferroviária do Rossio, com vista para o Castelo de S. Jorge. “Estes dois exemplos são a prova da capacidade que temos tido, ao longo do tempo, de reinventar espaços e de os dar a conhecer”, refere Leonor com a certeza de que este festival já faz parte da agenda cultural da cidade.

Como se constrói um cartaz?

O Vodafone Mexefest é um festival que vai sendo desenhado ao longo do ano. “Há nomes que vão surgindo no dia a dia, porque alguém sugere, porque fomos ao SXSW ou ao Eurosonic e vimos um artista que deu um concerto incrível!” explica a booker da Música no Coração, que chama a atenção para o facto de haver “cada vez mais os artistas que começam a surgir nas redes sociais”.

É o caso de IAMDDB, nome artístico de Diana De Brito que vive no Reino Unido, mas tem raízes angolanas e portuguesas. Com uma sonoridade Urban Jazz, a cantora e rapper que tem apenas 21 anos, regista já uma forte aceitação entre o público do Vodafone Mexefest. Começou por colocar temas no Youtube e, de repente, começou a ganhar muito fãs e a aparecer nas redes sociais. Na lista de imperdíveis, Vanessa refere que “é uma das artistas mais esperadas deste ano, uma grande surpresa que vai abrir o cine-teatro Capitólio.”

Com as edições anteriores no retrovisor, o balanço desta aliança iniciada em 2011 não podia ser melhor. “O que é mais marcante é ver as pessoas tocadas por emoções, momentos de comunicação entre os artistas e o público, é o que faz tudo isto valer a pena”, explica a promotora. Leonor Dias recorda a ocasião única que foi a Vodafone BlackOut Room, na Sala 3 do Cinema São Jorge, onde apenas a música do piano se ouvia no escuro, como uma experiência arrebatadora e surpreendente.

Do cartaz, Vanessa Careta sublinha as quatro estreias de Oddisee, IAMDDB, CJ Fly e Nasty Niles, estes dois últimos do colectivo de Brooklin, Pro Era, liderado pelo carismático Joey Bada$$. Valete, Statik Selektor e o português Allen Halloween são outros nomes fortes do Hip Hop que têm êxito assegurado.

Sevda Alizadeth, mais conhecida por “Sevdaliza”, é uma artista iraniana que se naturalizou holandesa, tornando-se uma das revelações da electrónica futurista e melancólica, na linha de FKA Twigs, que já actuou este verão na Ponta do Sol, na Madeira.

Além da estreia de Aldous Harding, a nova darling do indie, o espectáculo de funk jazz experimental de Guilherme Kastrupo, que foi o produtor do álbum “A Mulher do Fim do Mundo” de Elza Soares, vai ser nas palavras de Vanessa, “uma coisa do outro mundo”.

Destaque ainda para a atuação do “Grupo Coral e Etnográfico Os Camponeses de Pias” que vão assinalar o aniversário do reconhecimento do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade na Casa do Alentejo, onde actuam no dia 24 de novembro, primeiro dia de festival.

Nas ruas a espalhar música vão andar os Kumpania Algazarra, garantindo um ambiente festivo a todos os que vão andar de um lado para o outro a ver concertos e também às pessoas que, sem irem ao festival, acabam por fazer parte desta festa que contagia a baixa da cidade.

De palco em palco, no fim de semana de 24  e 25 de Novembro, o Vodafone Mexefest abre-se à cidade e convida à descoberta da música nova. “Era óptimo se pudéssemos fazer o festival durante as 48 horas, aí dava para ver tudo.” Mas enquanto isso não se consegue, é o público que tem a (por vezes) difícil missão de escolher o que quer ver.