Samsung cria serviço para assinar documentos legais via smartphone

A tecnologia foi desenvolvida com uma empresa informática portuguesa.

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O mercado corporativo é o foco do novo serviço Kim Hong-Ji/Reuters

A partir de Janeiro de 2018, pressionar o dedo sobre o ecrã de um Samsung S8 ou Note 8 antes de assinar um documento legal vai ser suficiente para provar a identidade de alguém. O projecto-piloto, conhecido por mSign, foi apresentado esta quinta-feira no novo centro de inovação da Samsung, em Oeiras. Permite utilizar os topos de gama da marca sul-coreana para autorizar pagamentos e assinar contratos, à distância, com a impressão digital.

Foi desenvolvido em parceria com a empresa portuguesa de cibersegurança Multicert, e os utilizadores em Portugal vão ser os primeiros a utilizá-lo.

“A grande vantagem do novo serviço é a mobilidade porque tem-se sempre o smartphone no bolso”, diz ao PÚBLICO Jorge Alcobia, o director-geral da Multicert. “O novo authentication provider [fornecedor de autenticação] une o certificado digital da Multicert com o leitor de impressão digital dos telemóveis da Samsung."

Alcobia explica que o certificado – que funciona como um “passaporte electrónico” e permite que uma pessoa, computador ou organização troquem informação, de forma segura, através da Internet – foi aprovado pelo Gabinete Nacional de Segurança. “Já se usa em computadores, mas a inovação aqui é que o colocamos no smartphone”, nota o director. "Por exemplo, em vez de enviar documentos legais por correio para seguradoras quando se sofre um sinistro vamos poder assinar logo os documentos, digitalmente, e ficar com tudo armazenado. Deixa de existir o risco de as coisas se perderem pelo caminho.”

A Multicert também quer diminuir o número de palavras-passe usadas para aceder a serviços online. “As pessoas têm cada vez mais contas no telemóvel. Do email, do banco, da Amazon... E cada uma com uma palavra-passe diferente, ou a mesma para todas. Torna-se fácil existirem descuidos e as palavras-passe caírem nas mãos erradas”, nota o director da empresa.

Numa fase inicial, porém, apenas os donos dos últimos dois topos de gama da Samsung (o S8 e o Note 8) vão poder utilizar o serviço. O sistema de segurança que a empresa sul-coreana utiliza nos dois topos de gama, o Knox, é certificado por 29 agências governamentais de segurança. “Também começámos com a Samsung porque é dominante no mercado Android, e no mercado corporativo”, explica Alcobia que está a trabalhar com a empresa desde Janeiro, ainda antes do lançamento oficial do S8. “Geralmente são as empresas que compram estes telemóveis para os executivos. E são estes profissionais que mudam mais vezes de palavra-passe e precisam de ter esta tecnologia facilmente.”

Este ano, a marca sul-coreana voltou a liderar no mercado dos smartphones com 83,3 milhões de unidades enviadas para retalho no terceiro trimestre de 2017. Segundo dados da analista IDC, representa 22,3% do mercado (mais 10% do que a Apple).

No futuro, a equipa de Alcobia quer adaptar o projecto para funcionar com outros processos de autenticação biométrica como o reconhecimento facial ou de voz. “É claro que os problemas não se reduzem a zero. Se alguém disser isto está a mentir. Mas acredito que os casos de erro se limitam a cenários rocambolescos”, diz Alcobia sobre a segurança do sistema.Para o director da empresa portuguesa, o mSign representa o começo de uma transformação “digital a sério”. "É claro que a curto prazo, para contratos mais importantes, como assinar a escritura de um imóvel, vai continuar a ser necessário reunir com o notário, mas estamos só no começo da 'desmaterialização do papel' para contratos."

Alcobia acredita que o serviço pode inspirar outras empresas, mas quer ganhar credibilidade ao “ser o primeiro”. E, com a Samsung, pretende expandir o serviço além-fronteiras.

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