"Ainda há espaço para discutir as questões espinhosas" para a coligação na Alemanha

Três perguntas a: Carsten Koschmieder, professor de Ciência Política da Universidade Livre de Berlim.

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Negociadores dos partidos admitem dificuldades nas conversações preliminares para uma coligação de Governo na Alemanha FELIPE TRUEBA/EPA

As negociações para uma coligação Jamaica, entre a CDU, CSU, FDP e Verdes, deverão entrar numa fase decisiva. Das migrações às alterações climáticas, passando pela Europa, ainda há muito para discutir.

O que espera que aconteça dia 16, o prazo dado por Merkel para o fim das pré-negociações e passagem à fase das negociações?
O que deve haver agora é uma espécie de acordo de princípio para avançar para uma negociação. Muitas das questões delicadas deverão ser adiadas para a fase das negociações propriamente ditas. Não acho que as conversações falhem agora, porque ainda há espaço para discutir as questões espinhosas e tentar encontrar uma solução para elas.

Quais são essas questões?
A questão da imigração é muito importante porque se tornou simbólica, especialmente para a CSU [partido-gémeo da CDU na Baviera, que querem limites à entrada de estrangeiros] e para os Verdes, que têm uma posição oposta. As questões de ambiente e alterações climáticas são também de difícil compromisso, porque no caso dos Verdes alguns são de direita e outros de esquerda mas todos concordam no ambiente – e os liberais e conservadores já deixaram claro que as alterações que venham a ser feitas não podem prejudicar a economia. Em relação à União Europeia penso que é mais simples, porque pode parecer que se chegou a um compromisso mesmo que se mantenham posições diferentes: é mais fácil uma solução que permita a todos salvar a face. Por exemplo, pode-se ter um orçamento, mas pequeno. Não é uma questão de estabelecer uma data a partir da qual não pode haver mais carros a diesel ou gasolina, ou de dizer quando vão encerradas algumas fábricas mais poluentes.

O que se pode concluir destas pré-negociações, e quando se poderá ter ideia se a coligação vai mesmo avançar ou vai falhar?
O que se está a ver a partir destas pré-negociações é que a CSU não parece muito disposta a compromissos. Em relação às cedências dos Verdes, por exemplo, em vez de as valorizarem, comentam apenas que “ainda bem que desistiram de uma exigência estúpida”. No entanto, acho que os Verdes vão obter “cerejas” suficientes para agradar aos seus membros – serão o único partido que vai perguntar às bases e não apenas à liderança se devem avançar nas negociações.

Penso que no final de Novembro, início de Dezembro é que vamos perceber se houve compromissos ou se de facto não é possível encontrar uma posição comum. A seguir a isso, quanto mais tempo demorarem as negociações, mais difícil será desistir: as pessoas vão perguntar ‘tanto tempo a discutir para desistirem?’. Por outro lado, qualquer partido pensará muito bem antes de decidir quebrar as negociações, porque mesmo que tentem culpar um outro, pode ser castigado nas urnas se houver novas eleições.

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