Eleições para o PSD-Gaia abrem nova fractura no partido

Militantes envolvidos na disputa acusados de terem participado em acções de campanha adversárias às do PSD nas eleições autárquicas.

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Cancela Moura reeleito presidente do PSD-Gaia FERNANDO VELUDO

O PSD de Gaia está cada vez mais desavindo. Os militantes mobilizaram-se este fim-de-semana para as eleições para a concelhia e Cancela Moura foi reeleito, derrotando a candidatura do ex-líder do grupo do PSD na assembleia municipal, António Rocha. Esta lista foi apoiada pelo deputado Firmino Pereira, arqui-rival do recém-eleito líder da concelhia e que há dois anos defrontou Cancela nas eleições internas e perdeu.

Conselheiro nacional do PSD, António Rocha é acusado de ter estado envolvido na candidatura do independente Joaquim Leite à União de Freguesias Santa Marinha/ Afurada nas eleições autárquicas.

Confrontado pelo PÚBLICO, António Rocha nega a acusação que vem do próprio partido. “Sou muito amigo de Joaquim Leite, tirei fotografias com ele e conversamos muitos os dois, mas não fui mandatário”, afirmou ao PÚBLICO. Por seu lado, Artur Almeida, vogal na lista de António Rocha, é acusado de ter “feito” campanha ao lado de Alcino Lopes, candidato socialista  à União de Freguesias Gulpilhares/Valadares.

Ao PÚBLICO, Artur Almeida assume que esteve na apresentação da candidatura de Alcino Lopes, de quem é “muito amigo”, mas refuta as acusações de ter feito campanha pelo PS. E declara que só não esteve em nenhuma iniciativa do PSD relativamente à campanha para a união de freguesias porque – frisou – “nunca” foi convidado.

O dirigente do PSD-Gaia Cancela Moura, recusou fazer declarações sobre o alegado envolvimento de militantes em iniciativas de campanha adversárias às do partido. Já o deputado Firmino Pereira, assume que apoiou a candidatura de António Rocha e responsabiliza Cancela pelo “desaire eleitoral” que o PSD teve com a sua candidatura à Câmara de Gaia.

“Cancela Moura deveria fazer uma reflexão sobre o resultado [20%] que o partido teve nas autárquicas e isso deveria impedi-lo de se ter candidato à concelhia. Com dois vereadores em 11 no executivo e zero juntas de freguesia, o PSD em Gaia corre o risco de erosão”, vaticina o deputado e ex-líder da concelhia.

Ao PÚBLICO, o deputado responsabiliza também a direcção nacional e a distrital do partido pelos resultados eleitorais no concelho, lamentado que os alertas que lançou não tenham sido ouvidos. “Alertei as pessoas, mas elas preferiram ficar na praia a molhar os pés em vez de se empenharem numa outra solução para a Câmara de Gaia. Ao não actuarem são co-responsáveis pela derrota que tivemos em Gaia”, declara Firmino Pereira.

Relativamente à disputa para a liderança do partido, Firmino está desta vez ao lado de Rui Rio contra Santana Lopes, de quem foi mandatário concelhio em 2008 quando o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disputou as eleições com Passos Coelho.

Afirmando que este “não era o momento” para o antigo líder do PSD avançar, o deputado arrisca dizer que “se Rio não ganhar as eleições directas o PSD corre o risco de desaparecer do espectro político, tornando-se num partido marginal”. “Santana Lopes é um bom candidato para o PS ter a maioria absoluta em 2019”, atira, sublinhando que o voto no antigo primeiro-ministro “é um voto sindicalizado”.

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