Baixa natalidade na Europa é culpa das mulheres que trabalham, diz eurodeputado polaco

Alguns eurodeputados admitem sancioná-lo. Frente Nacional defendeu-o da "deriva repressiva" do Parlamento Europeu.

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A seguir ao ataque terrorista contra o Charlie Hebdo, o eurodeputado exibiu um letreiro a dizer "Eu não sou Charlie - sou pela pena de morte" Reuters

Só há uma razão para a baixa natalidade na Europa: a mulheres que trabalham em vez de ficarem em casa. A tese é do eurodeputado polaco Janusz Korwin-Mikke, que a tornou pública na segunda-feira à noite no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.  

Aproveitou o debate sobre a política de coesão europeia para, numa hora já tardia (segundo o jornal espanhol El País), expressar o machismo pelo qual é conhecido e dizer qual o papel que, na sua opinião, a mulher deve ter na sociedade.

O Parlamento Europeu debatia o capítulo da demografia - a Europa é o continente mais envelhecido do mundo -, quando o polaco pediu a palavra para dizer que ninguém estava a abordar o problema da forma correcta. "As mulheres não ficam em casa. Não têm crianças. Todos se empenham tanto para que a mulher trabalhe fora de casa. Se não resolvermos isto, não faz sentido debater", disse.

Korwin-Mikke já tinha proferido em Estrasburgo outras frases que provocaram indignação, recorda o jornal espanhol. Por exemplo, que as mulheres devem ganhar menos do que os homens pois "são mais fracas e menos inteligentes".  

O eurodeputado é presidente de um partido de extrema-direita chamado Wolnosc. Foi deputado na Polónia entre 1991 e 1992 e eleito para o Parlamento Europeu em 2014, não tendo aderido a qualquer grupo. 

Já esta terça-feira, vários eurodeputados pediram que Korwin-Mikke seja sancionado de alguma forma. 

Mas, por entre a indignação, houve quem defendesse o eurodeputado polaco - Bruno Gollnisch, da Frente Nacional, o partido de extrema-direita francês dirigido por Marine Le Pen. Explicou que o fazia não por acreditar nas palavras de Korwin-Mikke mas pela "inquetante deriva repressiva" do Parlamento Europeu e da ideia de o sancionar.

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