Forças Armadas exigem fim da "purga" de Mugabe e ameaçam intervir

Aviso do comandante das Forças Armadas do Zimbabwe, Constantino Chiwenga, surge uma semana depois da demissão do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, numa acção que é vista como uma medida para abrir caminho ao poder à primeira-dama Grace Mugabe.

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Constantino Chiwenga (no meio) em 2002 Howard Burditt/Reuters

O comandante das Forças Armadas do Zimbabwe, Constantino Chiwenga, proferiu uma rara declaração pública para exigir o fim daquilo que considera ser uma "purga" no seio do partido do poder, o Zanu-PF, ameaçando com a intervenção do exército. Este aviso surge uma semana depois de Robert Mugabe, actualmente com 93 anos, ter demitido o seu vice-presidente, Emmerson Mnangagwa.

A declaração de Chiwenga foi feita numa conferência de imprensa juntamente com 90 oficiais do exército na capital do Zimbabwe, Harare. “A actual purga que está claramente a atingir membros do partido com antecedentes de libertação deve parar imediatamente”, afirmou o líder militar, citado pela BBC.

A demissão de Mnangagwa, que começava a ser considerado como um possível sucessor de Mugabe, e consequente expulsão do partido, é vista como medida para abrir caminho ao poder à primera-dama, Grace Mugabe. Em Dezembro vai realizar-se o congresso do Zanu-PF onde será escolhido o próximo vice-presidente.

Entretanto, Mnangagwa deixou o Zimbabwe e partiu para o exílio, diz-se que para a África do Sul.

Sem nunca referir o nome do Presidente Mugabe, Chiwenga lançou mais avisos: “Temos de recordar àqueles que estão por detrás das actuais manobras traiçoeiras que, quando se trata de proteger a nossa revolução, os militares não vão hesitar em intervir”.

Mnangagwa foi nomeado vice-presidente em 2014, sucedendo a Joice Mujuru, que foi afastado depois de Grace Mugabe ter lançando uma campanha acusando-o de conspirar contra o marido, que está no poder desde 1980. 

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