Brinquedos eróticos gravavam vozes dos utilizadores sem o seu consentimento

O ficheiro de som ficava guardado no telemóvel e não era enviado para os servidores da empresa. Existem outros casos semelhantes com outros brinquedos sexuais.

Foto
A aplicação permite controlar o vibrador de forma remota. Fotografia tirada numa feira de sexo e saúde REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Depois de algumas queixas na plataforma Reddit, a empresa de objectos sexuais Lovense admitiu nesta sexta-feira que a sua aplicação para smartphone que permitia controlar vibradores remotamente estava a gravar as vozes dos utilizadores sem o seu consentimento, noticiou o site The Verge. A companhia justifica que se tratou apenas de um “pequeno erro”, entretanto corrigido, que criava um “ficheiro temporário” com o registo áudio.

“A vossa preocupação é compreensível. Mas podem ficar descansados, nenhuns dados nem informação são enviados para os nossos servidores”, lê-se no comentário oficial da Lovense, feito no próprio Reddit, em que referem ainda que o erro só afectava dispositivos com o sistema operativo Android onde a aplicação Lovense Remote estivesse instalada.

As explicações surgiram depois de um utilizador do fórum Reddit ter contado que tinha utilizado a aplicação para controlar um vibrador, apercebendo-se mais tarde que o registo dos sons tinha ficado guardado no telemóvel. “A aplicação pede permissão para utilizar o microfone e a câmara, mas isto é suposto ser usado na função de chat da aplicação para permitir enviar clipes de voz. Em momento algum quis que a aplicação gravasse sessões inteiras enquanto se usa o vibrador”, escreveu o mesmo utilizador. Outros utilizadores fizeram comentários com queixas semelhantes.

A Lovense explicou que havia um único ficheiro criado em cada telemóvel que era substituído a cada utilização (em que é usada uma funcionalidade de som), não sendo criado um ficheiro novo. O arquivo em cache ficava gravado no telemóvel.

O episódio é mais um exemplo das situações problemáticas que podem surgir com o advento da chamada Internet das Coisas — que liga milhões de equipamentos electrónicos entre si numa rede que permite recolher e transmitir dados.

E este não é o único caso do género em relação a invasão de privacidade no que toca a brinquedos sexuais. Ainda neste mês, a Motherboard noticiou que um outro brinquedo sexual da mesma companhia, que podia ser ligado a Bluetooth para ser controlado de forma remota, poderia ser facilmente pirateado.

Uma outra fabricante de brinquedos sexuais, a We-Vibe, foi processada em Abril após terem sido recolhidas ilegalmente informações pessoais sobre os utilizadores de vibradores que funcionavam por Bluetooth — a fabricante aceitou pagar um total de 3,75 milhões de dólares (cerca de três milhões de euros) aos utilizadores afectados nos Estados Unidos. Ainda no mesmo mês, a Motherboard dava conta que um vibrador da marca Svakom, equipado com uma câmara, era facilmente pirateável e permitia ter acesso às imagens registadas em vídeo. 

Sugerir correcção
Comentar