Polacos, portugueses

A atitude invejosa e mesquinha de muitos ingleses para com os imigrantes polacos é um dos maiores casos de ingratidão e injustiça xenofóbicas que conheço.

Boris Johnson veio a Lisboa invocar as linhas de Torres de Lord Wellington e o velho tratado de Windsor entre Inglaterra e Portugal. Aqui no PÚBLICO, Kirsty Hayes, a embaixadora do Reino Unido em Portugal, tentou acalmar os ânimos dos portugueses que vivem nas terras de Sua Majestade, dizendo que vão conceder settled status a quase todos, com facilidade e low cost.

Enquanto Boris Johnson falou em Portugal e citou uma cláusula que nos obriga a ajudar a Inglaterra quando esta tiver problemas "europeus", Kirsty Hayes teve a honestidade de esclarecer que a boa vontade britânica se estendia a todas as outras nacionalidades da União Europeia. Sendo escocesa, teve também o bom gosto de não mencionar o tratado de Windsor.

Antes de passar por Portugal, Boris Johnson esteve na Polónia, a elogiar os polacos e a pedir-lhes não só compreensão mas ajuda. A sequência indica que ele está a planear estas visitas por ordem alfabética.

Há muita gente que pensa que o voto do “Brexit” foi decidido pela vontade de pôr fim à entrada no Reino Unido de cidadãos polacos. Não por serem preguiçosos ou chupistas mas por serem simpáticos e trabalhadores, educados e gregários.

Esquecendo (como se fosse possível) o sofrimento e o heroísmo dos polacos durante a Segunda Guerra Mundial — e depois —, a atitude invejosa e mesquinha de muitos ingleses para com os imigrantes polacos é um dos maiores casos de ingratidão e injustiça xenofóbicas que conheço.

É de pedir desculpa, de facto. Mas será que ainda vão a tempo?

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