As cavacas e o elixir da juventude

Encontrámos em Sernancelhe as melhores cavacas do mundo, o segredo da farinha e as famosas queijadas de castanha.

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Maria Alcina Dias descobriu o elixir da juventude Sérgio Azenha

Há um forno no Freixinho, Sernancelhe, que “não pára”. Faz pão caseiro (“Não é pão dos padeiros”), biscoitos de castanha, bolos amarelos de Páscoa e faz cavacas com uma massa especial. “Não lhe falho com o azeite nem lhe falho com o trabalho. Há por aí muitas cavacas. Podem cozê-las da mesma farinha, mas não fazem cavacas como as minhas”, revela à Fugas Maria Alcina Dias, que aparenta ter bem menos do que 63 anos. “É o pó da farinha que conserva”, brinca, enquanto pincela as cavacas com a “caldinha de açúcar”.

“Antigamente eram pinceladas com a mão”, diz Alcina, que, juntamente com o marido, perpetua a receita originária do Convento das Recoletas da Nossa Senhora do Carmo, no Freixinho. Começou há 42 anos. Aprendeu com a sogra, Alcídia. “Quando casei, amassou-as lá. Cozi, ficaram lindas, mas o açúcar... não tinha visto fazer.”

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Sérgio Azenha

Usa farinha fina de trigo tremês, muito azeite, ovos e açúcar fervido “até ganhar aquele ponto”. São cerca de duas horas a amassar e mais ou menos uma hora no forno. Apesar da forma característica — como uma casca arrancada a uma árvore —, estes doces não são enformados. “A massa faz a própria forma”, explica a pasteleira, com um forno de lenha à moda antiga instalado numa das divisões de sua casa. “O forno não deve estar nem muito bravo, nem muito frio”, prossegue.

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“Já sei a tabela.” A receita, garante, “tem ciência no amassar, no forno e no ponto do açúcar”. “Tem ciência em tudo. É um doce que tem muita ciência.” Na Páscoa, Alcina trabalha “noite e dia”. Chega a fazer mais de mil quilos de cavacas (um quilo são mais ou menos seis cavacas), que têm um mês de garantia. Já passou a receita, mas... “Já dei a receita, mas não dou as mãos.”

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