Uma etapa de preparação para alargar horizontes

Fernando Santos quer ver quão depressa alguns dos jovens talentos portugueses se adaptam à realidade da selecção A. E pretende que os jogos com Arábia Saudita e EUA sirvam para acelerar rumo ao Mundial.

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LUSA/INÁCIO ROSA

Treinar bem para elevar as possibilidades de jogar é uma das mais elementares regras do desporto profissional, mas a lógica não é assim tão linear quando o tema é selecção. Neste contexto, jogar bem (pelos clubes) pode significar uma porta aberta para integrar os treinos de Portugal. Uma vez lá chegados, à convocatória, então sim, é altura de os jogadores tentarem convencer Fernando Santos a dar-lhes minutos de competição. E todos sabem como o seleccionador português valoriza a qualidade do treino, um trampolim para muitos dos estreantes na presente comitiva se catapultarem para o encontro desta noite (20h45, em simultâneo na RTP, SIC e TVI), em Viseu, com a Arábia Saudita.

Há duas mãos-cheias de novidades no lote dos eleitos para esta dupla jornada de preparação com vista ao Mundial de 2018 (na terça-feira, é dia de medir forças com os EUA, em Leiria). E há oito elementos que poderão fazer a estreia absoluta pela selecção A, de José Sá a Rony Lopes, passando por Edgar Ié, Ricardo Ferreira, Kevin Rodrigues, Bruno Fernandes, Bruma e Gonçalo Paciência. Tudo depende da forma como têm correspondido às exigências do seleccionador.

“Os jogadores foram observados em muitos jogos e é importante para mim vê-los no treino. Às vezes os jogos não nos dizem tudo e o treino vale mais do que os jogos”, detalhou Fernando Santos. “Em termos de qualidade técnica, não tenho a mínima dúvida, porque se não não os tinha convocado. Isto não é uma questão de ser um teste para eles, mas de adaptação à estratégia e filosofia desta equipa”, adiantou, assinalando a importância de manter vários cenários em aberto, porque “muita coisa pode acontecer” até Junho do próximo ano.

Uma coisa é certa: apesar do balão de ensaio que representam estas duas partidas, o clima é de exigência. “Não iremos apresentar duas equipas diferentes. Estamos aqui para nos prepararmos e não para um clima de festa. Em cada jogo apresentaremos a melhor equipa”, explicou o treinador, rejeitando a possibilidade de distribuir minutos aleatoriamente. “Para nós não há jogos mais ou menos importantes. O que nos importa é o que temos de fazer”, acrescentou, aceitando o peso da dimensão solidária do jogo (as receitas revertem a favor das vítimas dos incêndios deste ano) mas ressalvando que a palavra responsabilidade está sempre presente.

Os bilhetes para o encontro de hoje, no Estádio do Fontelo, já esgotaram, mas poucos adeptos terão um conhecimento aprofundado da selecção da Arábia Saudita, que se apurou para o Mundial no segundo lugar do Grupo B da zona de qualificação asiática. Porquê este adversário, na rota de preparação da selecção? “É importante ver como estas equipas se desenvolvem, para aproveitarmos isso para o Campeoato do Mundo. Vai ser um jogo difícil. É uma equipa com jogadores muito rápidos, tecnicamente evoluídos e acho que vai ser um bom teste”, respondeu o treinador.

Com um sorriso pelo meio, Fernando Santos ainda aceitou olhar mais para a frente, para o lote de candidatos a ganhar o Mundial. Nesse clube restrito incluiu Brasil, Argentina, Alemanha, Espanha e França. Portugal foi arrumado no segundo degrau, a espreitar sobre o ombro dos favoritos. Mas pode sempre por-se em bicos de pés.

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