Dez mil árvores para fazer renascer a floresta algarvia

Loulé e Silves criam espaço educacional para mostrar como se faz renascer uma paisagem ao abandono, com a ajuda de um parque de diversões aquáticas.

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pedro cunha

Mais discursos para quê? No Algarve, o Zoomarine decidiu que era tempo de meter “mãos à obra”. Dez mil árvores - sobreiros, medronheiros, pinheiros mansos e ciprestes – foram plantadas, em Loulé e Silves, com ajuda de voluntários, armados de pás e enxadas, envolvidos na batalha contra a degradação da paisagem.

Apesar dos fogos deste Verão não terem fustigado o Algarve, a região ainda sente os efeitos dos anos anteriores, que deixaram marcas profundas na zona serrana. “Montanha verde” foi o nome da campanha que o parque de diversões Zoomarine lançou para atrair a população para as causas ambientais. No ano passado foram plantadas 5 mil árvores em Silves após um incêndio. O sucesso alcançado levou à repetição do projecto em Loulé (sítio Momprolé) e Silves (herdade São Bom Homem). O director de relações externas da empresa, Élio Vicente, diz que a acção veio para ficar. “Com este entusiasmo todo, para o ano vamos envolver quatro concelhos, oferecendo 20 mil árvores”.

Em Loulé, aos técnicos do Zoomarine juntaram-se cerca de duas centenas de alunos das escolas da região, Universidade do Algarve, empresas ligadas à jardinagem e recuperação paisagista e pessoal do município. Para plantar uma árvore, advertiu Nuno Santos, da empresa Terracrua, não basta colocá-la a terra: “É preciso amor”, recomendou. Assim, o Vasco e a Érica, ambos da escola Dr. Alberto Iria, de Olhão, começaram a tarefa com mil cuidados. Ele abriu a cova, ela lançou o composto (estrume). A professora que os acompanhava na tarefa pediu: “Vasquinho, coloca o pinheiro, bem direito”. No final, Érica ficou, por momentos, a olhar a árvore, como que a desejar boa sorte para sobreviver e crescer. A manutenção vai ficar a cargo da equipa de jardinagem e ambiente do município.

O terreno onde se deu a reflorestação é uma parcela de cinco hectares numa propriedade municipal com uma área total de 18 hectares, situada a dois quilómetros da cidade. No plano director municipal, a zona está destinada a um complexo desportivo, ainda por definir. Para já, o município pretende criar ali um bosque que seja motivo de atracção e contribua para o aumento da área verde da cidade. As árvores ficaram alinhadas em curvas que acompanham o relevo do terreno, de modo a criar uma pastagem apícola. Nas proximidades existe um apiário para levar os alunos a aprender donde vem o mel. E como se faz a aguardente de medronho? Alguns dos estudantes nem conheciam a planta. “Não fazia ideia, e nunca tinha plantado uma árvore”, desabafou Joana, da Escola de São Pedro do Mar, em Quarteira. A experiência deixou-a sensibilizada: “Vou voltar aqui, para ver o medronheiro”.

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