O flagelo começa logo nos treinos de início de época

Lesões contraídas em ambiente de treino implicaram, em média, uma ausência de 16 dias.

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Acuña sofreu uma lesão muscular no encontro com o Sp. Braga EPA/MIGUEL A. LOPES

Desde 2001 que a UEFA tem vindo a monitorizar o número de lesões que, ao longo da temporada, afectam os jogadores dos emblemas que disputam as competições europeias e aceitam partilhar essa informação. A principal conclusão que pode tirar-se dos dados mais recentes é que a taxa total de lesões nos clubes analisados tem vindo a diminuir. Mas o estudo conduzido por Jan Ekstrand, médico sueco e ex-vice-presidente do comité médico da UEFA, também mostra que há uma prevalência das lesões musculares, que na análise mais actualizada representam quase metade do total de casos – como, de resto, os três “grandes” do futebol português têm sentido na pele (ver texto ao lado).

O estudo sobre lesões nos clubes de elite da UEFA mais recentemente disponibilizado pelo organismo que tutela o futebol europeu contempla os dados relativos à época 2016-17, com informações facultadas por clubes que participaram na Liga dos Campeões, incluindo Benfica, FC Porto e Sporting. No total os 21 clubes que partilharam dados da temporada 2016-17 reportaram 764 lesões, com 330 lesões em treino (43,2%) e 434 lesões em jogo (56,8%).

Também há alguns dados relevantes na distribuição mensal das lesões recolhidas pela UEFA: o mês de Julho, que marca o regresso ao trabalho dos clubes profissionais de futebol, é igualmente o período de maior incidência de lesões em contexto de treino (11,8%). Janeiro, que para alguns campeonatos europeus significa o retomar da actividade após a paragem de Inverno, tem a segunda taxa mais elevada de casos (11,2%). Quanto às lesões contraídas em jogo, pode dizer-se que o início das principais competições tem custos físicos para os futebolistas. É nos meses de Outubro (12,2%) e Novembro (11,3%) que o número de incidências é mais elevado, como recentemente Benfica, FC Porto e Sporting comprovaram.

As lesões contraídas em ambiente de treino implicaram em média uma ausência de 16 dias. No caso das lesões em contexto de jogo esse valor subiu para 23 dias. As lesões musculares foram as mais comuns, representando 45,2% do total (51,8% em treino e 40,1% em jogo), segundo este estudo da UEFA. Para este tipo específico de lesões a sobrecarga é apontada como segunda causa mais comum para desencadear este tipo de lesões, depois da corrida/sprint. No caso das lesões musculares, o período médio de ausência implicado ascendeu a 33 dias.

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Entorses e lesões nos ligamentos foram o segundo tipo de lesão mais comum entre os 21 clubes analisados na época 2016-17, com uma paragem associada que em média durou 22 dias.

O estilo de liderança do treinador também pode ter influência no número de lesões contraídas pelos treinadores, concluiu Jan Ekstrand num outro estudo do qual foi co-autor, publicado no mês passado no British Journal of Sports Medicine. “Num estudo recente sobre os factores psicológicos e as lesões de sobrecarga em profissionais do atletismo, concluiu-se que uma causa das lesões de sobrecarga não era a carga atlética em si mesma, mas antes a carga aplicada em situações em que o organismo do atleta precisava de recuperar. Uma vez que os treinadores são responsáveis pela carga aplicada aos futebolistas e pelo equilíbrio entre carga e recuperação, valeria a pena conduzir um estudo semelhante aplicado ao futebol”, sublinhavam os autores.

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