Diogo Infante é o novo director artístico do Teatro da Trindade

Actor e encenador vai substituir Inês de Medeiros, que deixou o cargo para assumir a presidência da Câmara de Almada.

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Diogo Infante num ensaio da peça Quem Tem Medo de Virginia Woolf NUNO FERREIRA SANTOS

Após ter dirigido o Teatro Maria Matos e o Teatro Nacional D. Maria II, Diogo Infante será o próximo programador e director artístico do Teatro da Trindade, em Lisboa, anunciou esta quinta-feira a Fundação Inatel, responsável pela gestão da sala. 

A escolha do actor e encenador, que deverá assumir funções em Dezembro, "justifica-se pela sua competência, experiência e trabalho, plenamente reconhecidos no panorama artístico e teatral nacional", refere o presidente da Fundação Inatel, Francisco Madelino, num comunicado enviado à agência Lusa.

A ex-directora do Teatro da Trindade, a actriz Inês de Medeiros, cessou funções a 27 de Outubro, na véspera da sua tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Almada.

A nota enviada à Lusa precisa que Diogo Infante foi convidado para programador e director artístico, ficando as funções de director executivo a cargo de Hugo Paulito, até aqui director-adjunto de Inês de Medeiros.

Director do Teatro Maria Matos entre 2006 e 2008, Diogo Infante assumiu em Dezembro de 2008 a direcção artística do Teatro Nacional D. Maria II, cargo em que se manteve até 2011, quando as medidas de austeridade o levaram a suspender a programação para 2012, decisão que levaria ao seu afastamento pelo então secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas

Com as nomeações de Diogo Infante e Hugo Paulito, a Fundação Inatel, diz Francisco Madelino, "manifesta o seu empenhamento em continuar a reafirmar o papel deste teatro no panorama cultural português, e de Lisboa em particular", neste ano em que a sala comemora os seus 150 anos.

A actual temporada do Teatro da Trindade, que comemora século e meio de existência no próximo dia 30 de Novembro, fica marcada pela duplicação do orçamento, na ordem dos 350 mil euros, e pelo regresso da casa de espectáculos à produção própria, algo que não acontecia desde 2013.

Este mês, entre os dias 10 e 12, a Sala Estúdio do teatro é palco de The End, espectáculo de Cátia Pinheiro, José Nunes e André Godinho que cruza as linguagens do teatro e do cinema. E a partir de dia 17, a Sala Eça acolhe Todo o Mundo É um Palco, espectáculo sobre a nova cidade de Lisboa, com encenação de Beatriz Batarda e Marco Martins e a colaboração de Victor Hugo Pontes.

Com 50 anos feitos em Maio, Diogo Infante estreou-se profissionalmente como actor em 1988 no Teatro Nacional D. Maria II, na peça As Sabichonas, de Molière, quando era ainda estudante na Escola Superior de Teatro e Cinema. No mesmo ano conseguiu o seu primeiro (e premiado) papel no cinema, em Nuvem, de Ana Luísa Guimarães, que só chegaria às salas em 1992. 

Com presença regular nos palcos desde o final dos anos 80, colaborou designadamente com o Teatro Experimental de Cascais, onde participou em várias peças dirigidas por Carlos Avillez, ou no Teatro Aberto, onde trabalhou com o encenador João Lourenço em espectáculos como Ópera dos Três Vinténs, de Brecht, ou O Tempo e o Quarto, de Botho Strauss. 

A par do seu trabalho como actor, foi desenvolvendo uma carreira de encenador, tendo dirigido já no início dos anos 90, e justamente para o Teatro da Trindade, O Amante, de Harold Pinter, e Segredos, de Richard Cameron. E nos anos seguintes encenaria autores como Paul Rudnick, Alan Ball ou Tennessee Williams para diferentes salas, incluindo o Teatro Villaret, o São Luiz, o Maria Matos ou o D. Maria II.

No cinema, participou em filmes de João Botelho, Luís Filipe Rocha, Joaquim Leitão, Leonel Vieira e Ruy Guerra, para referir apenas alguns dos realizadores com quem trabalhou, e é presença frequente em séries e novelas televisivas. 

Este ano esteve em digressão pelo país com a peça Quem Tem Medo de Virginia Woolf, de Edward Albee, que se estreou em Abril no Teatro da Trindade, e na qual voltou a partilhar o palco com Alexandra Lencastre. 

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