Ministra à beira da demissão por causa de reuniões secretas com dirigentes israelitas

Priti Patel usou férias em Israel para mais de uma dezena de encontros, que não comunicou oficialmente. Jornal Ha'aretz conta que terá visitado hospital militar israelita nos monte Golã.

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Patel continuou a omitir informações a May mesmo depois de ter sido chamada a Downing Street Toby Melville/Reuters

A primeira-ministra britânica, Theresa May, prepara-se para afastar o segundo membro do seu governo em menos de uma semana, perante a avalancha de erros, omissões e até suspeitas de deslealdade cometidos pela ministra do Desenvolvimento Internacional. Priti Patel aproveitou umas férias em Israel no mês de Agosto para se reunir com vários governantes, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, sem ter informado a diplomacia britânica ou seguido os protocolos habituais.

A última gota de água, de um caso que não pára de crescer desde sexta-feira passada, foi a notícia de que Patel, quando foi chamada na segunda-feira a Downing Street, não informou May de outros dois encontros com dirigentes israelitas. Realizados já em Setembro, um em Londres e outro em Nova Iorque, foram organizados como os restantes pelo grupo de Conservadores Amigos de Israel, um lobby pró-israelita de que a ministra foi vice-presidente.

Na terça-feira soube-se também que, depois da visita a Israel, a ministra terá questionado o seu ministério sobre se seria possível financiar um hospital militar nos montes Golã, território capturado à Síria em 1967, onde estarão a ser assistidos feridos da guerra civil no país vizinho. O pedido foi considerado impróprio pelos seus serviços – o Reino Unido, como a maioria dos países não reconhece a ocupação – e, na terça-feira, um porta-voz da primeira-ministra confirmou que Patel não informou May desta proposta.

Já esta quarta-feira, o jornal Ha’aretz revelou que a ministra britânica visitou aquele hospital, como convidada do Governo israelita, uma informação que não foi ainda confirmada oficialmente mas que, a ser verdade, representaria uma violação do protocolo diplomático britânico.

Patel, deputada desde 2010, tornou-se mais conhecida durante a campanha para o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, de que é uma acérrima defensora. São também conhecidas as suas posições pró-israelitas e, à frente do Ministério para o Desenvolvimento Internacional, advogou por várias vezes que Londres deveria evitar que os fundos de apoio aos palestinianos sejam usados por organizações que não reconhecem o Estado hebraico.

A sua iminente demissão - espera-se apenas o seu regresso ao Reino Unido depois de ter sido chamada a Londres por May durante uma visita ao Uganda - é um novo abalo no debilitado Governo britânico. Na semana passada, o ex-ministro da Defesa, Michael Fallon, demitiu-se por causa de comportamentos impróprios que terá tido com mulheres, jornalistas e colegas de partido. Mas manter Patel seria um sinal ainda maior de fragilidade de Theresa May, face às cada vez maiores suspeitas de que a ministra não só omitiu informações à primeira-ministra como tentou promover políticas sem o aval do Governo.

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