Uber, Cabify e Chofer admitem marchas lentas por Lisboa se não for aprovada nova lei

Se o Parlamento não avançar em Novembro com a lei que regula o sector, quase 2000 viaturas farão parte da marcha lenta, ameaça Associação Nacional de Parceiros das Plataformas de Transportes. “Este é um problema para ser resolvido”.

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João Pina diz que os trabalhadores das plataformas de transportes alternativas querem que a aprovação da lei avance LUSA/MÁRIO CRUZ

Uber, Cabify e Chofer vão fazer uma marcha lenta por Lisboa com quase 2000 viaturas, caso a aprovação da lei que regula o sector não avance em Novembro no Parlamento, disse à Lusa a associação que representa estas empresas.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Parceiros das Plataformas de Transportes (ANPPAT), João Pica, a medida que estão a prever, para um futuro próximo, é a marcha lenta, "mas tudo dentro da legalidade" e os motoristas não irão "fazer nada que seja ilegal, ao contrário de outros sectores".

As marchas lentas pela capital portuguesa serão feitas dentro dos limites de velocidade com os veículos de serviço, que são perto de 2000 e serão feitas porque "este é um problema para ser resolvido".

Os trabalhadores das plataformas de transportes alternativas querem "uma tolerância imediata até que saia a aprovação da especialidade ou então que a aprovação da especialidade avance já este mês", disse João Pica durante a concentração dos motoristas das plataformas esta tarde no Parque das Nações. "Todo o cliente que entra na viatura paga IVA automaticamente, portanto é importante que os deputados trabalhem para nós e não para os seus umbigos", alega o presidente da ANPPAT.

O presidente da associação lamentou que este caso não seja tomado com "seriedade" e referiu que há cerca de dois anos não havia lei e, portanto, os trabalhadores actuavam omissamente e o Estado cedeu-lhes essa confiança para que pudessem laborar, mas "esqueceu-se de legislar".

As plataformas de transportes alternativos efectuaram uma paralisação e ficaram esta tarde, das 16h às 20h, offline porque os trabalhadores acharam que este foi o momento de fazer uma acção devido à "hipocrisia da parte do governo". João Pica estima que cerca de 80% dos trabalhadores das plataformas alternativas de transportes estiveram esta tarde offline e, também, que cerca de 40% poderão participar na concentração no Parque nas Nações.

Há uns meses as multas acumuladas ultrapassaram um milhão de euros e esta semana já foram passadas mais umas dezenas de contra-ordenações, apenas nos dias da conferência de tecnologia Web Summit.

A Uber é a única plataforma que trabalha com tarifas dinâmicas e, como tal, a viagem mais cara que realizou no âmbito da cimeira teve um valor de quase 90 euros. Este cliente, quando aceitou a realização da viagem, teve acesso na plataforma à perspectiva dos custos, entre os 80 e os 90 euros, sendo que "o cliente não foi enganado", reforça o presidente, João Pica.

A Uber é uma plataforma online que permite pedir carros descaracterizados de transporte de passageiros, com uma aplicação para smartphones que liga quem se quer deslocar a operadores de transporte. Em Portugal, está disponível nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e no Algarve. A sua actividade, bem como a da Cabify e da Chofer, tem sido muito contestada pelos taxistas, uma vez que os operadores ligados a estas plataformas não têm de cumprir os mesmos requisitos formais que os táxis para trabalhar.

A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

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