Taxa de desemprego baixa para 8,5%, o valor mais baixo desde o final de 2008

No final de Setembro havia 444 mil pessoas desempregadas. Desemprego jovem destoou da melhoria geral e aumentou para 24,2%.

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Desemprego tem vindo a cair desde 2013 Rita França

A taxa de desemprego continuou a cair no terceiro trimestre, atingindo 8,5% da população activa. Os dados revelados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma redução de 0,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior (8,8%). Na comparação com o mesmo período de 2016 (10,5%) a queda foi bem mais expressiva e a taxa recuou dois pontos percentuais.

A tendência de descida do desemprego iniciou-se no segundo trimestre de 2013 e acentuou-se no arranque do corrente ano. A taxa de 8,5% agora divulgada é o valor mais baixo desde o quarto trimestre de 2008 (7,8%).

No final de Setembro havia 444 mil pessoas desempregadas, menos 17.400 do que no trimestre anterior, uma redução que, segundo o INE, “está em consonância com os decréscimos usualmente observados nos terceiros trimestres desde 2013”. Na comparação com 2016, a redução foi mais acentuada, correspondendo a menos 105.500 desempregados.

O desemprego de longa duração continua a reduzir-se, mas ainda assim, mais de metade dos desempregados (57,3%) procuram trabalho há 12 ou mais meses. A percentagem já foi mais elevada e atingiu os 64,5%, mas ainda assim a longa duração continua a ser um fardo pesado. <_o3a_p>

Nos dados mensais do desemprego, também publicados pelo INE, Portugal já tinha baixado a barreira dos 10% do desemprego. Mas este indicador tem por base um universo e uma metodologia diferentes da taxa de desemprego trimestral que têm em conta a população com 15 e mais anos e não ajusta os valores aos efeitos da sazonalidade.

No Programa de Estabilidade apresentado em Abril, o Governo prevê uma taxa de desemprego de 9,9% para o conjunto do ano, o mesmo valor estimado pela Comissão Europeia em Maio. O indicador agora publicado indicia que a taxa de desemprego possa ficar abaixo das expectativas do executivo português.

Desemprego jovem com aumento trimestral

A destoar do clima geral de melhoria do mercado de trabalho estão os jovens. Embora a taxa de desemprego da população entre os 15 e os 25 tenha caído em relação ao ano passado, o INE dá conta de uma subida em cadeia de 22,7% para 24,2%.

Os dados agora divulgados confirmam a tendência identificada nas estatísticas mensais do INE, que já apontavam para um agravamento da taxa de desemprego jovem entre Agosto e Setembro.

Também o indicador que olha para os jovens dos 15 aos 34 anos que não estavam empregados, nem em educação ou formação (que usa a sigla NEET na designação inglesa) registou um agravamento face ao trimestre anterior. As pessoas nesta situação representam agora 11,8% do total (no trimestre anterior eram 10,8%).

Questionado sobre esta situação, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, desvalorizou os números. "O desemprego jovem tem sempre um ciclo anual, por comparação com o mesmo trimestre do ano passado há uma descida significativa. O desemprego jovem é muito influenciado pelo final de um ciclo escolar e temos toda a confiança que vai continuar a trajectória descendente", explicou, citado pela Lusa.

Se analisarmos os dados desde o início da série do INE (que tem início em 2011), um aumento entre o segundo e o terceiro trimestre não é inédito, mas não se consegue estabelecer um padrão, dado que nuns anos sobe e noutros desce.

Mais de 141 mil postos de trabalho criados 

O INE dá ainda conta de uma melhoria da população empregada, mantendo a tendência observada nos últimos anos. No terceiro trimestre de 2017 havia 4 milhões e 803 mil pessoas a trabalhar, o que representa mais 42.600 do que no trimestre anterior e um aumento homólogo de 141.500 empregos, “prolongando a série de variações homólogas positivas observadas desde o quarto trimestre de 2013”.

O acréscimo trimestral da população empregada resulta sobretudo do desempenho do sector dos serviços (que criou mais 53.500 postos de trabalho), com o alojamento, restauração e similares a assegurar mais de metade deste aumento (29.100 empregos).

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