As etiquetas da Zara em Istambul serviram para trabalhadores protestarem

Os clientes encontraram etiquetas dentro das roupas que acusam a empresa de não pagar aos trabalhadores subcontratados.

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Fabio Augusto

"Fiz esta peça que vai comprar, mas não me pagaram para tal" – assim se lê nas etiquetas deixadas na Zara em Istambul por trabalhadores turcos.

A fábrica que os empregava, Bravo Tekstil, terá fechado de um dia para o outro, sem pagar três meses em falta aos seus trabalhadores, bem como a devida indemnização. Nas etiquetas que têm vindo a deixar na Zara, os trabalhadores apelam agora aos clientes que apoiem a sua campanha e pressionem a marca a pagar aquilo que é devido, revela a Associated Press.

Foi criada também uma petição, assinada por 140 trabalhadores, pedindo à comunidade internacional que apoie a sua causa. De acordo com a petição, a fábrica – encerrada em Julho de 2016 – produzia roupa para a Inditex (detentora da Zara), Next e Mango. Os credores terão arrestado os bens da fábrica e o patrão "desaparecido" com os salários em falta.

Depois de 12 meses de negociação entre o representante sindical, Disk Tekstil, e as gigantes de moda, as marcas "declararam que só vão pagar um quarto" daquilo que os trabalhadores exigem, despoletando uma vaga de protestos. "As marcas aceitaram a sua responsabilidade [pelos trabalhadores subcontratados], mas acharam que merecemos não mais do que os seus restos", lê-se na petição, que até agora já recebeu mais de 20 mil assinaturas.

De acordo com fonte oficial da Inditex, em declarações ao Culto, a empresa "cumpriu com todas as suas obrigações contratuais com a Bravo Tekstil" e "está a trabalhar com IndustriALL, Mango e Next para estabelecer um fundo de ajuda aos trabalhadores afectados pelo desaparecimento fraudulento do proprietário da fábrica Bravo em Julho de 2016". O fundo de ajuda, refere ainda a empresa, "destina-se a aliviar as consequências económicas que os trabalhadores sofreram, com o encerramento súbito da fábrica".

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