Dezanove casos de legionella em Lisboa. Marcelo visitou Hospital São Francisco Xavier

Amostras recolhidas em vários pontos dos circuitos de água do Hospital de São Francisco Xavier revelam a presença da bactéria. Marcelo visitou o local para se inteirar da situação.

Foto
Reuters

Subiu para 19 o número de casos de legionella, bactéria que vive em ambientes aquáticos naturais, como a superfície de lagos, rios, águas termais, tanques, informou a Direcção-Geral de Saúde (DGS). Até às 21h00 deste sábado, no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Hospital S. Francisco Xavier tinham sido confirmados em laboratório 18 casos. Um outro caso, com ligação àquele hospital, fora diagnosticado numa unidade de saúde privada. Outros casos poderiam surgir.

Ao início da noite, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou o hospital para se inteirar da situação. Àquela hora, pelo menos 16 estavam internados, três em Unidade de Cuidados Intensivos, "todos clinicamente estáveis”, isto é, nenhum em perigo de vida. O outro doente continuava internado na unidade de saúde privada. Os doentes eram, sobretudo, "idosos com factores de risco associados”: 14 têm mais de 70 anos. 

Não houve alarido. Ao princípio da tarde, nas portas das casas de banho do Hospital de São Francisco Xavier foram colocados papéis a avisar eventuais utilizadores: interdito o uso da água. 

A DGS anunciou que peritos seus, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, do Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, da Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa Ocidental e Oeiras, em articulação com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, estavam a avaliar a situação e a "definir a resposta adequada”.

Já depois das 17h, a DGS clarificou que tinham sido recolhidas amostras em vários pontos dos circuitos de água do hospital. Uma vez analisadas no  Ricardo Jorge, tinham revelado a presença de legionella. Teriam já sido “tomadas as medidas adequadas para interromper a possível fonte de transmissão”. 

Era a primeira crise de saúde pública que a nova directora-geral, Graça Freitas, enfrenta. Para facilitar as medidas de controlo, o INEM iria "redireccionar temporariamente para outras instituições hospitalares os doentes mais graves que se destinariam ao Serviço de Urgência do Hospital de São Francisco Xavier", que se manteria aberto para os restantes doentes, mencionava a nota assinada por ela.

Recorde-se que a doença dos legionários não se transmite de pessoa para pessoa, tão-pouco pela ingestão de água contaminada. A infecção passa por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água (aerossóis) contaminadas com bactérias. A bactéria conquista equipamentos de refrigeração e outros que contenham água tépida (temperatura de água entre os 20ºC e os 45ºC) e multiplica-se. Pode ser inalada em gotículas e chegar aos pulmões.

As entidades envolvidas continuam a acompanhar a evolução da situação. Prevê-se que as medidas de segurança adoptadas sejam "suficientes para a interrupção da transmissão e o controlo do surto”.

A doença dos legionários provocou nos últimos três anos 12 mortos e mais de 400 infectados. Todos os anos há infecções. O maior surto recente remonta a Novembro de 2014. Infectou então 375 pessoas e provocou 12 mortes no concelho de Vila Franca de Xira. 

 

Sugerir correcção
Ler 3 comentários