Político austríaco demite-se após duas acusações de assédio

Antigo político dos Verdes que fundou o seu próprio partido não vai assumir cargo de deputado mas não é claro se se mantém na chefia do partido.

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"Se há duas testemunhas, afasto-me", disse Pilz LEONHARD FOEGER/Reuters

Peter Pilz, 63 anos, vai não vai assumir o lugar de deputado, após duas acusações de assédio sexual. A primeira acusação foi negada por Pilz, dizendo tratar-se de um caso de litigio laboral. Em relação à segunda, disse não se lembrar de nada. Mas como houve duas testemunhas, não negou, e anunciou este sábado que não vai assumir o cargo de deputado pelo qual foi eleito nas legislativas de Outubro.

Pilz é uma figura presente há décadas na política austríaca – primeiro nos Verdes e, desde Julho deste ano, o seu próprio partido, a Lista Peter Pilz (que conseguiu entrar no Parlamento austríaco, ao contrário dos Verdes).

É o último político cujo comportamento impróprio foi desvendado na sequência do escândalo que nos EUA começou com o produtor Harvey Weinstein e cujas ondas trouxeram a público casos de vários graus de comportamento não apropriado como o de Michael Fallon, que se demitiu do cargo de ministro da Defesa do Reino Unido na quarta-feira.

O caso que deu origem à demissão de Pilz aconteceu numa conferência nos Alpes em 2013 e foi revelado pela revista austríaca Falter. Uma funcionária do Partido Popular Europeu contou ter sido alvo de Pilz, que a agarrou e tocou. Segundo a sua descrição, o político estava “relativamente embriagado”.

“Não me conseguia mexer, não conseguia respirar, quanto mais lutar contra ele”, relatou a funcionária. Dois homens viram o que se passava, afastaram Pilz e a situação acalmou. “Não percebo como é que aquilo pôde acontecer”, disse a funcionária do grupo conservador europeu (no Parlamento Europeu também houve uma série de denúncias de funcionárias e eurodeputadas).

“Não tenho recordação desse acontecimento. Lamento”, disse Pilz. “Não me lembrar não é desculpa”, acrescentou. “Mas se há duas testemunhas, afasto-me.”

Pilz não esclareceu se se referia apenas ao cargo de deputado ou também à presidência do partido. 

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