DBRS não altera rating português

Agência canadiana continua a passar ao lado da tendência seguida pelas outras agências e mantém Portugal, tal como tem feito desde o início da crise, um nível acima de "lixo".

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Confirmando a reputação de ser a agência de rating com menos oscilações nas classificações atribuídas aos países da zona euro, a DBRS decidiu esta sexta-feira, num momento de clara melhoria da conjuntura económica e orçamental, manter o rating português em BBB (baixo), um nível acima de "lixo", sem alterar igualmente a perspectiva "estável" que tem vindo a atribuir à dívida nacional.

A agência de notação financeira canadiana foi, desde o início da crise da dívida soberana europeia, a única (entre as quatro que são usadas pelo BCE para avaliar os activos no seu balanço) que manteve o rating português acima do nível “lixo”. Foi por isso decisiva para que os bancos pudessem continuar a usar títulos de dívida pública portuguesa como garantia nos empréstimos obtidos junto do banco central e para que o Estado pudesse beneficiar do programa de compra de activos do BCE.

Nos últimos meses, contudo, com a economia portuguesa a acelerar e as metas orçamentais do Governo a serem cumpridas, as outras agências de rating, que tinham colocado Portugal num nível “lixo” aproximaram-se da DBRS, com mudanças de perspectiva para o rating e mesmo, no caso da Standard & Poor’s, com uma subida da classificação atribuída ao país.

Mais uma vez contrariando a tendência, DBRS opta agora por manter tudo igual. Na nota publicada esta quinta-feira, e em que dão conta da manutenção do rating e da perspectiva para Portugal, os analistas da agência canadiana destacam o crescimento “mais alto do que o previsto” em 2017 e elogiam o facto de “os esforços que estão a ser realizados [pelo Governo] terem resultado num défice orçamental mais baixo”, mas em simultâneo alertam que “Portugal continua a enfrentar desafios importantes”.

Um dos desafios assinalados está na capacidade para manter um desempenho favorável ao nível das finanças públicas, algo que é considerado essencial tendo em conta que, em 2016, a dívida pública ainda se situou acima de 130% do PIB. A DBRS avisa que as melhorias no défice estrutural são “relativamente modestas” e que, para o controlo da despesa, contribuíram os cortes no investimento público e o uso das cativações, algo que “motiva preocupações relativamente à durabilidade e qualidade da consolidação orçamental”.

Outros desafios assinalados são um crescimento potencial que se mantém “relativamente baixo” e a fragilidade do sector financeiro, pedindo-se em particular “um progresso mais sustentado na redução do crédito mal parado”.

Apesar destes problemas, a DBRS não deixa de acenar com possível futuras subidas de classificação. Para que isso aconteça, diz, é preciso que “as melhorias nas finanças públicas e no crescimento económico se tornem mais duradouras”.

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