Cronologia: um ano depois os crimes de Aguiar da Beira começam a ser julgados

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Sergio Azenha

Alguns momentos marcantes de um crime e de uma fuga que durou 28 dias.

PÚBLICO -
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11 de Outubro de 2016
 
2h30 da madrugada

Dois militares da GNR que se encontram numa acção de patrulha perto da zona industrial de Aguiar da Beira, em Vila Chã, abordam Pedro João Dias. O local é isolado e fica junto ao Hotel das Caldas da Cavaca ainda em construção. Os GNR pedem-lhe que saia do Toyota Hilux que conduz e se identifique. Já na posse dos documentos do suspeito, um dos militares é surpreendido com um tiro na cabeça, disparado a cerca de 20 centímetros. Pedro Dias obriga o outro militar a conduzir o carro-patrulha e ordena-lhe que peça à sala de situação informações sobre várias viaturas que se cruzam com eles no caminho. Seguem em direcção a Cortiçada. Feitos esses contactos, manda o militar regressar ao hotel e pede-lhe que imobilize o carro-patrulha junto ao corpo do colega, que ficara no chão.

Dias exige ao GNR que coloque o corpo do colega na bagageira, manda-o entrar novamente para viatura, mas desta vez para o lugar do pendura, prendendo-o com algemas a uma pega superior. Deslocam-se em direcção à Estrada Nacional 229, no sentido Aguiar da Beira-Viseu. Antes de chegar a Gradiz, vira por uma estrada de terra batida, onde circula durante cerca de 30 minutos. Obriga depois o polícia a sair do carro e ordena-lhe que se algeme a um pinheiro. Dispara um tiro na cabeça do militar, fazendo-o cair no chão. Acreditando que este está morto, arrasta-o uns metros até uma zona de mato, cobrindo-lhe o corpo com giestas. Mais tarde, o militar recupera a consciência e dirige-se a pé a uma residência perto, de onde é dado o alerta.

Chegado à Quinta das Lameiras, Aguiar da Beira, Dias imobiliza o carro patrulha – um Skoda Octavia – deixando o carro num caminho de terra batida, com o primeiro militar alvejado, já cadáver.

6h25

Com o intuito de encontrar um novo veículo para fugir, Pedro Dias faz o sinal de paragem a um Volkswagen Passat onde seguia um casal que se dirigia a Coimbra para ir a uma consulta. Estamos na entra na Estrada Nacional 229, junto à Quinta das Lameiras. Sob a ameaça de uma arma, obriga os dois a sair da viatura. Dispara sobre a cabeça do marido, que morre no local. A mulher é baleada duas vezes. Com o casal no chão, Dias segue de carro voltando ao Hotel das Caldas da Cavaca para recuperar o Toyota. Pega no carro e deixa-o escondido num zona de mato a 300 metros do hotel, dissimulado entre a vegetação.

Segue até à aldeia de Algodres, em Fornos de Algodres, para se encontrar com uma ex-namorada. Encontra-a por volta das 8h20 e pede-lhe que o acompanhe até Vila Chã, onde quer ir buscar outra viatura. Aí mete-se num outro Toyota e segue em direcção a Arouca. Deixa esse carro num caminho rural junto da Serra da Freita, entre Póvoa das Leiras e Candal. No interior deixa uma das Glock que roubara aos militares.

À tarde

Começam as buscas. Dias segue para Candal, em São Pedro do Sul, a mais de 80 km de Aguiar da Beira. É interceptado pela GNR numa operação Stop mas consegue fugir a pé para a Serra da Freita.

11 a 16 de Outubro

Pedro Dia introduz-se numa casa localizada junto à Estrada Nacional 326, entre a rotunda de Moldes e o lugar da Portela, Arouca. Sabe que a proprietária não vive lá e deixa-se ficar até dia 16, altura em que a filha da dona da casa vai à habitação para alimentar o gato da mãe. Agride a filha da proprietária que acaba por seu acudida por um vizinho que a vai ajudar. Acabam os dois amarrados de mãos e pés num quarto, igualmente de olhos vendados. Como a mulher gritava, o arguido colocou-lhe uma batata na boca.

13 de Outubro de 2016

As casas dos pais e de amigos do suspeito, em Arouca, são alvo de buscas pela Polícia Judiciária.

14 de Outubro de 2016

Surge a hipótese de o suspeito ter conseguido fugir para Espanha. A PJ alerta as autoridades espanholas.

16 de Outubro de 2016

Uma patrulha da GNR avista o suspeito em Vila Real, onde o persegue, mas este acaba por despistar os militares.

23 de Outubro de 2016

Fica-se a saber que uma perícia psiquiátrica feita ao suspeito uns anos antes aponta sinais de sociopatia no arguido, uma perturbação da personalidade caracterizada por um egocentrismo intenso e por uma incapacidade de sentir empatia pelos outros.

27 de Outubro de 2016

Autoridades emitem um mandato de captura internacional.

8 de Novembro de 2016

Após 28 dias de fuga, Pedro Dias dá uma entrevista à RTP e entrega-se, em directo, à Polícia Judiciária (PJ) numa casa em Arouca que as autoridades vigiavam havia mais de uma semana.

9 de Novembro de 2016

A PJ imputa ao suspeito dez crimes, entre os quais homicídio qualificado, tentativa de homicídio, sequestro, roubo de automóveis, de armas e dinheiro. Suspeito diz que é inocente. Uma mulher de 61 anos, suspeita de o ter acolhido durante a fuga, é também constituída arguida.

10 de Novembro de 2016

Pedro Dias é interrogado pela primeira vez e fica em prisão preventiva na cadeia da Guarda.

11 de Novembro de 2016

É transferido para a cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa.

30 de Março de 2017

O Ministério Público da Guarda acusa Pedro Dias da prática de dois crimes de homicídio qualificado na forma consumada, dois crimes na forma tentada e três crimes de sequestro, e ainda crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.

12 de Abril de 2017

Internada há seis meses, morre a mulher que no dia 11 de Outubro foi baleada, mas tinha sobrevivido.

10 de Julho de 2017

Ministério Público acusa Pedro Dias do terceiro crime de homicídio qualificado, depois da morte da mulher baleada em Aguiar da Beira.

3 de Novembro de 2017

Suspeito começa a ser julgado, no tribunal da Guarda.

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