Lucro da EDP sobe 86% para 1147 milhões de euros

Venda da rede de distribuição de gás em Espanha dá empurrão às contas da EDP.

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Daniel Rocha

O lucro da EDP voltou a ultrapassar a barreira dos mil milhões de euros, beneficiando da venda dos activos de rede da Naturgas, em Espanha. Segundo os dados divulgados pela empresa esta quinta-feira, os resultados realizados até Setembro aumentaram 86%, para 1147 milhões de euros.

A contribuir para o aumento estiveram os ganhos de 558 milhões registados com a venda da distribuidora de gás espanhola, revelou a EDP no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A eléctrica já tinha anunciado que registaria nas contas de 2017 uma mais-valia de 500 milhões com a venda da Naturgas. Outros 200 milhões de mais-valias deverão ser registados ao longos dos próximos cinco anos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) melhorou 13% nos primeiros nove meses do ano, atingindo 3269 milhões. Segundo a empresa, sem contabilizar os ganhos não recorrentes, como a venda dos activos em Espanha, o EBITDA recuou 4%, para 2711 milhões.

Esta diminuição reflecte não só a desconsolidação da actividade regulada de distribuição de gás no mercado espanhol desde Julho (ou seja, serão menos proveitos regulados com que a empresa poderá contar no futuro) , mas também “as condições atmosféricas extremamente secas” que limitaram a produção hidroeléctrica, explicou a EDP.

Na produção e comercialização na Península Ibérica (que representa 19% do EBITDA do grupo), o resultado operacional recuou 39% face ao período homólogo, para 518 milhões de euros, precisamente por um registo de “hidraulicidade muito fraca” e preços do mercado grossista “muito elevados que comparam desfavoravelmente” com o registado em 2016, em que os meses foram muito chuvosos e os preços do mercado muito baixos (segundo a EDP, os preços passaram de 34 euros por megawatt hora nos primeiros nove meses de 2016 para 50 euros por megawatt hora no mesmo período deste ano).

Não só o custo de produção aumentou – foi preciso aumentar a produção das centrais a carvão e das centrais a gás, mais caras do que as hídricas – como a EDP viu recuar a sua margem de comercialização. Além disso, os ganhos com as tarifas garantidas das mini-hídricas (produção em regime especial) também recuaram em virtude do tempo seco.

Além disso, a EDP destaca a existência de “custos regulatórios mais elevados traduzidos numa subida de 35 milhões em termos homólogos” para um total de 138 milhões. Em causa estão encargos “especialmente suportados pela tarifa social em Portugal e impostos sobre a geração em Espanha”.

Foram efeitos que “superaram largamente” o impacto de melhores condições regulatórias no Brasil e da apreciação do real (que permitiu ganhos de cerca de 50 milhões de euros), notou a empresa.

No caso da produção eólica e solar (que garante 37% do EBITDA), a EDP destacou uma melhoria de 144 milhões de euros (mais 17%).

Até Setembro, a dívida líquida da EDP caiu 5%, descendo de 15.923 milhões, para 15.135 milhões de euros, precisamente porque a empresa usou proveitos da venda da Naturgas com esse propósito.

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