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Uma ilha que é um cemitério, em Veneza

© José Pedro Martins
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© José Pedro Martins

Entre a cidade de Veneza e o pequeno arquipélago de Murano existe um local que alberga todos os venezianos que já partiram. Chama-se Ilha de São Miguel e é, em toda a sua extensão, um cemitério. O fotógrafo José Pedro Martins visitou a "Ilha dos Mortos" em Setembro e registou o seu percurso. Por entre os altos muros, os majestosos claustros e os grandes ciprestes do cemitério, por entre os túmulos, as lápides e as imponentes estátuas, o português deambulou, assombrado pela monumentalidade do espaço.

 

Reza a História que, até ao início do século XIX, os venezianos enterravam os seus mortos no seio da cidade, por baixo das pedras que pavimentavam os caminhos — uma prática pouco salutar, especialmente em tempos de peste. Em 1807, o governo local — sob jugo da ocupação francesa — decretou, por motivos de saúde pública, que a partir de então a pequena ilha de São Miguel, fora do perímetro da cidade, seria a última morada dos venezianos.

 

O facto de ser uma ilha de reduzida dimensão faz com que a permanência dos defuntos seja apenas temporária. Geralmente, após 12 anos, os restos mortais são exumados e cremados ou depositados num ossuário em Veneza. No entanto, aqueles que pertencem a famílias mais ricas permanecem mais anos em São Miguel e os que conquistaram fama nacional ou mundial, como é o caso de Igor Stravinsky ou Ezra Pound, ficam indefinidamente. "Os cidadãos normais, como nós, demonstram uma invulgar particularidade que continua a perturbar a minha mente: porque sorriem os mortos nas suas fotografias formais, nas lápides deste cemitério?", questiona-se José Pedro Martins. "E são tantos aqueles que sorriem!" É, diz, "apenas mais um enigma da misteriosa Veneza", conclui. Outro, que já tinha sido partilhado pelo fotógrafo, pode ser decifrado aqui.

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