Juncker avisa: reformas na UE ou se fazem num ano ou não se fazem

No Conselho de Estado em que participou, o presidente da Comissão Europeia fez um ponto de situação sobre os grandes dossiers em discussão na UE mas lembrou que os desafios têm de ser encarados com determinação.

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Juncker no Conselho de Estado LUSA/MIGUEL A. LOPES

O presidente da Comissão Europeia deixou no Conselho de Estado português uma mensagem clara sobre a urgência das reformas que a União Europeia tem de fazer: ou se fazem no prazo de um ano ou já não se fazem. Pelo menos da forma como hoje estão a ser pensadas e no âmbito da actual legislatura europeia.

Desafios como a aproximação da Europa aos cidadãos, a força europeia da Defesa, em que está particularmente empenhado, mas também o aprofundamento da União Económica e Monetária ou a discussão e decisão sobre os cenários quanto ao rumo da UE foram considerados urgentes.

Convidado pelo Presidente da República para participar na sétima reunião do Conselho de Estado da era Marcelo, Jean-Claude Juncker referiu-se às grandes questões europeias de uma forma genérica, mas incisiva, apurou o PÚBLICO. Começou por considerar que a Europa ‘entrou em esclerose’ em anos recentes, mas sublinhou que agora está numa trajectória de crescimento económico. Mostrou algum optimismo em relação ao debate sobre o futuro da União, insistindo no seu sexto cenário, e sublinhou a importância de fechar o acordo comercial com a Mercosul, que pode ser concluído este ano e será o maior dos acordos deste tipo já celebrados com o Canadá e o Japão.

Juncker começou a sua intervenção inicial referindo-se à sua ligação afectiva a Portugal, país que antes dissera aos jornalistas ser “dos seus preferidos, senão o preferido”. Enalteceu os resultados alcançados por Portugal nos últimos anos, tanto a nível financeiro, de redução do défice e cumprimento dos compromissos europeus, como de crescimento económico. E deu um grande enfoque aos incêndios deste ano, sendo muito expressivo quanto à solidariedade europeia nesta matéria.

Aliás, disso mesmo dá conta a curta nota informativa divulgada no final da reunião, em que se afirma que o Conselho de Estado formulou um voto de “profundo pesar pelos trágicos incêndios de 15 e 16 de Outubro” e evocou “respeitosamente” as vítimas e suas famílias, “manifestando a sua solidariedade às populações afectadas”.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro respondeu com igual simpatia ao presidente da Comissão Europeia, agradecendo a ajuda dada por Juncker a Portugal em vários momentos, desde a não aplicação a sanções no ano passado à saida do Procedimento por Défice Excessivo já este ano, e também em particular a solidariedade pessoal e institucional face aos incêndios de Junho e Outubro.

Nas quatro horas que durou esta reunião, Juncker não terá usado mais do que uma, somando a intervenção inicial e a resposta às 64 perguntas que lhe foram feitas. Segundo apurou o PÚBLICO, os conselheiros colocaram questões sobre questões ligadas à união bancária e monetária, o Brexit e a Catalunha, o federalismo e o avanço dos populismos. Mas Juncker respondeu de forma geral, sem detalhes nem calendários e sem se comprometer demasiado.

Mesmo assim, com mais informação do que a que consta da nota final da reunião, em que se diz que o Conselho de Estado “analisou a situação, perspectivas e desafios da União Europeia”.

O presidente da Comissão Europeia foi a terceira personalidade estrangeira a ser convidada por Marcelo Rebelo de Sousa a participar nas reuniões do Conselho de Estado. Para a primeira reunão do seu órgão de aconselhamento, em Abril do ano passado, o actual Presidente convidou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Já em Março deste ano, foi convidado o director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo.

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