Alfa Pendular atinge os cinco milhões de quilómetros

Comboio pendular deverá fazer o seu quinto milionésimo quilómetro pelas 17h45 deste sábado na zona de Coimbra num serviço entre Lisboa e o Porto

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Enric Vives-Rubio

Os comboios pendulares entraram ao serviço em 1999 e estão todos aproximar-se dos cinco milhões de quilómetros percorridos. O primeiro dos dez que compõem a frota da CP a atingir essa cifra é o 4003, que deverá atingi-la hoje, pelas 17h45, ao passar por Coimbra, num serviço entre Santa Apolónia e Porto Campanhã.

O facto não vai ser assinalado pela CP – a braços com uma situação dramática de falta de material circulante –, mas não passou despercebido aos técnicos da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário que monitorizam estes comboios e cuidam deles nas suas oficinas em Contumil.

Nas próximas semanas, as restantes unidades da frota atingirão também os cinco milhões de quilómetros, com excepção de um que se encontra a fazer a denominada “revisão de meia vida”, destinada a prolongar-lhe o tempo de serviço por mais 20 anos. Trata-se de uma quase reconstrução do comboio, uma vez que a maioria dos seus componentes são substituídos.

Neste momento, já há dois destes “novos” alfas pendulares em circulação, devendo o terceiro sair das oficinas do Entroncamento (onde são realizadas as grandes reparações) em Dezembro. Estas revisões gerais deverão durar até 2019.

Desde 1999 que o Alfa Pendular é a coqueluche da CP, sendo responsável por 46 dos 230 milhões de euros de receitas da empresa. Ou seja, um em cada cinco euros de receita total da transportadora pública provém deste serviço, que se estende desde Braga a Faro, naquilo que é a coluna vertebral da rede ferroviária portuguesa.

No serviço de longo curso, que repartem com os Intercidades, os Alfas são em menor número, mas representam 46% da receita deste segmento.

Os pendulares estão aptos a circular a 220 Km/hora, mas só em curtos troços podem dar um ar da sua graça porque a infraestrutura não permite maiores velocidades. Os maquinistas dizem que conduzi-los é como andar num rally porque tão depressa vão a 80 km/hora como chegam aos 200 Km/hora. E o pessoal da EMEF diz que é como pôr um Ferrari a circular numa estrada cheia de buracos.

Os constantes afrouxamentos a que estes comboios estão sujeitos, quer devido ao mau estado das vias férreas (cuja manutenção foi reduzida ao mínimo durante os anos da troika), quer devido a obras na via, provocam um grande desgaste deste material.

A maioria dos serviços do Alfa Pendular concentram-se no eixo Lisboa – Porto, mas as obras de modernização da linha Norte, que tiveram início em 1997, nunca foram concluídas. Nem o serão porque, em rigor,  as obras em curso neste momento destinam-se apenas a travar a degradação do estado da via – cuja segurança estava a ficar posta em causa – e não a aumentar a velocidade dos comboios. Por isso, os pendulares continuarão a ser subaproveitados no que diz respeito à velocidade.

Desde que entraram ao serviço e até finais de Agosto desde ano, os dez comboios já tinha percorrido 48 milhões de quilómetros e transportado mais de 27 milhões de passageiros.

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