Vai ser criada uma unidade de queimados para crianças no Norte

Só há uma unidade de queimados pediátricos no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, o que é insuficiente para dar resposta a nível nacional. E é preciso criar camas de reserva para queimados em todo o país, segundo despacho publicado nesta sexta-feira.

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PAULO PIMENTA

Os incêndios de 17 de Junho e de 15 de Outubro vieram revelar deficiências na organização da resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a vítimas que ficaram queimadas. Concluiu-se que é necessário criar uma nova unidade de queimados pediátricos na região Norte, uma vez que existe apenas uma em Portugal, no Hospital Dona Estefânia (Lisboa).

Percebeu-se também que é preciso alargar a lotação das unidades existentes e criar camas de reserva para queimados, em articulação com as unidades de cuidados intensivos dos hospitais. 

O reconhecimento das insuficiências do SNS nesta área e a definição das medidas necessárias constam de um despacho assinado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde que, nesta sexta-feira, foi publicado em Diário da República.

Tendo em conta o impacto nos serviços de saúde que os incêndios tiveram, é “premente” planear uma “resposta célere, eficiente e eficaz” do SNS, justifica Fernando Araújo no despacho, que estabelece um prazo de quatro meses para a definição de planos que permitam a concretização destas medidas no terreno.

Os hospitais, determina o governante, têm que definir "um plano de implementação para resposta a situações de emergência na área dos queimados até 2020" que envolva também os cuidados intensivos.

Em Portugal, há cinco centros nacionais nos hospitais públicos para referenciação de doentes queimados graves e estão disponíveis ali 35 camas — uma cama por 285.390 habitantes, numa média “ligeiramente inferior” à dos países europeus, admite-se.

As unidades que podem receber doentes queimados graves são os centros hospitalares de São João (Porto), de Coimbra, de Lisboa Norte e de Lisboa Central e o Hospital da Prelada (Porto). Para crianças, existe apenas uma unidade de queimados pediátricos no Hospital Dona Estefânia (Lisboa), pelo que é necessário criar outra no Norte, refere o despacho.

Determina-se ainda a instalação de “um sistema de informação de gestão de vagas nas unidades de queimados e nas unidades de cuidados intensivos”, no qual deverão participar os sistemas de informação do SNS, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), em articulação com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e a Comissão Nacional de Trauma.

Quanto ao INEM, este deverá “proceder à análise das melhores condições para o transporte do doente queimado em estado grave, conforme o estado da arte, por via terrestre e aérea, sistematizando os investimentos necessários num plano de implementação específico, seja em meios materiais, seja na formação profissional das suas equipas, muito especialmente as equipas médicas”, refere o despacho.

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