Santos Silva: "Único desconforto" do Governo é o que "o país sentiu"

O governante comentava a manchete do PÚBLICO, segundo a qual a Governo ficou "chocado" com o teor da comunicação ao país feita pelo Chefe de Estado na sequência dos incêndios, apesar de estar a par de tudo o que executivo pretendia fazer.

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Santos Silva admite que sistema de Protecção Civil não esteve “à altura” LUSA/MÁRIO CRUZ

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou nesta sexta-feira que o "único desconforto" do Governo é o que "o país inteiro sentiu" na sequência dos incêndios, garantindo que há "convergência de esforços" para a "muito necessária reconstrução do país".

"O único desconforto que o Governo sente é o desconforto que o país inteiro sentiu, com o facto de ter sido atingido este ano por condições climatéricas absolutamente excepcionais e de o seu sistema de Protecção Civil não ter estado à altura na resposta a essas condições e o resultado ter sido tragédias, vidas humanas e muitos bens perdidos", disse à Lusa Augusto Santos Silva, questionado sobre se há algum desconforto nas relações entre o executivo e a Presidência da República.

"Temos um trabalho pela frente que é muito, mas mesmo muito importante, e muito, mas mesmo muito necessário, que é o de reconstruir o país que ardeu, de reformar o sistema de protecção civil para que ele responda melhor em próximas eventualidades e o de reordenar o nosso território e a nossa floresta", comentou, a propósito da manchete do jornal PÚBLICO desta quinta-feira, segundo a qual o Governo ficou "chocado" com o teor da comunicação ao país feita pelo Chefe de Estado na sequência dos incêndios que deflagraram no dia 15 de Outubro e que provocaram 45 mortos. Isto apesar de Marcelo Rebelo de Sousa estar a par de tudo o que executivo pretendia fazer.

Um trabalho, prosseguiu, de "grande envergadura" e que "exige o empenhamento de todos os órgãos de soberania e de toda a sociedade civil".

"O Governo faz questão de cumprir sempre o seu dever, de prestar toda a informação aos restantes órgãos de soberania, começando pelo Presidente da República", sublinhou o governante.

Para Santos Silva, a "situação presente exige uma convergência, uma concertação de esforços e é nisso que nos devemos concentrar".

Questionado se existe essa convergência, o chefe da diplomacia respondeu afirmativamente: "Sim, acho que se verifica. Alguns de nós têm uma tendência para pensar mais nos episódios, deixemos-lhes esses aspectos, e concentremo-nos nós na acção que é precisa, e muita".

Sobre o que tem surgido na comunicação social, Santos Silva sublinhou que tem por princípio "nem fazer declarações em off nem comentar notícias cujas fontes são anónimas, sobretudo quando são mais opiniões do que notícias", acentuando o "preceito do Código Deontológico dos Jornalistas que diz que todas as opiniões devem ser atribuídas".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou na quinta-feira que "chocado ficou o país com a tragédia vivida" nos incêndios e condenou o "diz que disse especulativo".

"Há duas maneiras de encarar a realidade. Uma maneira é o diz que disse especulativo de saber quem ficou mais chocado: se foi A com o discurso de B, se foi B com o discurso de A. E, depois, há uma segunda maneira, que é a de compreender que chocado ficou o país com a tragédia vivida, com os milhares de pessoas atingidas", afirmou.

"Eu entendo que a forma correcta é a segunda e que quem olha para a realidade do diz que disse especulativo não entendeu e não entende nada do que se passou em Portugal nas últimas semanas", acrescentou, em declarações na ilha Terceira, nos Açores.

Segundo o chefe de Estado, o importante é o país "que, naturalmente, esperou uma palavra dirigida às vítimas e que espera, com urgência, reparação, reconstrução e olhar para o país atingido".

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