A longa batalha entre Taylor Swift e Kanye West continua viva (e musical)

Reputation, o próximo álbum da cantora, é lançado em Novembro. Nas canções já divulgadas, parece abrir-se novo capítulo no conflito entre as duas estrelas da música norte-americana, iniciada há oito anos.

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Reuters/MARIO ANZUONI

Tudo começou em 2009. Durante a cerimónia dos prémios da MTV, Kanye West interrompeu o discurso de Taylor Swift, a vencedora, para defender o vídeo Single Ladies de Beyoncé. A partir daí, West e Swift iniciaram uma guerra sem tréguas que culmina com Reputation, o último álbum da cantora norte-americana que será lançado já no próximo mês, mas do qual já conhecemos pelo menos três canções. 

De regresso àquela cerimónia, Kanye mostrou contrição e Taylor revelou mágoa; mais tarde a cantora anuncia que o músico lhe terá telefonado, tendo ela aceite o pedido de desculpas. Mas este foi um curto cessar-fogo. Para comemorar o aniversário da famosa interrupção, Taylor Swift lança Innocent, uma canção que é interpretada como uma bofetada de luva branca. Kanye retira o seu pedido de desculpas, alegando que a cantora terá explorado o incidente para obter publicidade. Segue-se uma guerra fria com momentos conciliadores, mas calculados, em passadeiras vermelhas, referências ao incidente nas notas do álbum Red de Taylor Swift e um discurso inflamado de Kanye West, ao The New York Times, sobre como não tinha “nenhum arrependimento”.

O conflito parece estar quase no fim quando surgem rumores de uma colaboração entre os dois, depois de terem sido vistos a jantar em Nova Iorque. E em 2015 é Taylor Swift que apresenta o prémio para vídeo de vanguarda que é atribuído a Kanye West. Então, pareceia que as feridas estavam saradas, mas desenganem-se os leitores porque o antagonismo foi reacendido com a canção Famous, do álbum de West Life of Pablo, onde, numa estrofe, gaba-se de que talvez venha a ter sexo com Swift, uma vez que foi ele que a tornou famosa – “I feel like me and Taylor might still have sex / Why? I made that bitch famous”.

Face às críticas, o cantor defendeu-se dizendo que tivera o aval prévio de Taylor Swift. A equipa da cantora nega-o. O irmão desta publica um vídeo em que deita fora os seus ténis Yeezy (colaboração de Kanye West com Adidas), Selena Gomez defende a amiga e Kanye é vilipendiado nos meios de comunicação social.

É na cerimónia dos Grammy, em 2016, que a cantora quebra o seu silêncio para, no discurso de agradecimento pelo prémio de Álbum do Ano, por 1989, faz uma clara referência ao rapper de Chicago, rejeitando a responsabilidade deste relativamente à sua fama. A modelo Chrissy Teigen, amiga dos dois, avisa: A guerra “está a ser travada”.

E cada um prossegue a sua carreira, com West a lançar o vídeo da música Famous, que mostra esculturas em cera de uma série de celebridades, nuas e deitadas numa cama que, além do casal Kardashian e West, inclui Taylor Swift. As censuras – de Lena Dunham, por exemplo – não tardaram.

Em Julho, Kim Kardashian comenta, num críptico tweet, ser o “dia nacional da cobra” e usa a aplicação Snapchat para tornar públicos uma série de vídeos com o objectivo de provar que a (negada) conversa entre Taylor Swift e Kanye West teria mesmo ocorrido. Por seu lado, Taylor pede, na sua conta de Instagram, para “ser excluída desta narrativa”. No rescaldo, a cantora retira-se do escrutínio público.

O final deste Verão marcou o retorno de Taylor Swift. Uma série de vídeos com uma serpente – ora em repouso, ora pronta a atacar numa calculada resposta ao tweet referente ao “dia nacional da cobra” – precedem o anúncio do novo álbum, Reputation. Entretanto, já saíram três singles: Look what you made me do, ...Ready for it? e Gorgeous.

E porque as suas canções estão repletas de referências a críticos, ex-namorados ou a rivais, é inevitável que os singles de Reputation sejam passados a pente fino, à procura de referências a Kanye West. Look what you made me do parece ser o terreno mais fértil para teorias. No vídeo, Taylor Swift batalha e expõe os seus antigos alter-egos, tecendo um meta-comentário a críticas já recebidas (não ser genuína), ao discurso interrompido, aos vídeos de Kim Kardashian, insinuando que terão sido editados, entre outras referências. O vídeo de ...Ready for it? também contém referências à polémica, com Taylor a usar um body com o qual parece estar nua, no que se calcula ser uma referência ao vídeo de Famous de Kanye West.

Teremos de esperar pelo dia 10 de Novembro para perceber a extensão, bem como o sucesso, de Reputation enquanto resposta ao historial dos dois músicos. Veremos como pretende Swift reescrever a sua próprio narrativa, da qual certamente não nos quererá excluir.

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