Estudo genético do cancro da mama no IPO do Porto reduz necessidade de quimioterapia

Análise a 50 genes associados cancro da mama permite determinar grau de agressividade e a forma como o tumor irá comportar-se.

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FERNANDO VELUDO/NFACTOS

O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto considerou que o estudo genético (teste genómico) do cancro da mama que iniciou em Julho já deu resultados “muito positivos” ao permitir “reduzir em 39% a necessidade de efectuar quimioterapia adjuvante”.

Segundo o coordenador da Clínica de Mama do IPO do Porto, Joaquim Abreu de Sousa, “dos 23 casos de risco intermédio que efectuaram o referido teste até agora, num terço (39%) foi possível evitar a necessidade de efectuar quimioterapia adjuvante”. “Estes casos ficaram apenas propostos para hormonoterapia adjuvante”, sublinhou esta sexta-feira o oncologista.

O IPO do Porto realiza desde Julho testes aos genes dos tumores extraídos da mama, para verificar a agressividade, a probabilidade de desenvolver metástases e a necessidade de quimioterapia, permitindo um tratamento personalizado. O teste genómico estuda 50 genes associados ao cancro da mama, determinando, para além do grau de agressividade do tumor, a forma como este se vai comportar.

Para Joaquim Abreu de Sousa, a mais-valia da assinatura genética é enorme, visto que representa um ponto de viragem no entendimento da doença, permitindo tratar os doentes de forma altamente especializada e individualizada, sendo os diagnósticos e as terapêuticas concebidas em função das características individuais de cada um.

Joaquim Abreu falava a propósito do Dia Nacional Prevenção Cancro da Mama, a 30 de Outubro, data em que o IPO do Porto celebra também o 10º aniversário da Clínica da Mama. Para celebrar estas datas, esta sexta-feira há um concerto na Casa da Música para sensibilização da comunidade para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

“A Clínica da Mama foi a primeira clínica com modelo de cuidados centrados no doente a ser construída, recebendo cerca de 1200 novos doentes por ano e realizando mais de 30 mil consultas anuais.”

De acordo com os dados disponibilizados à agência Lusa, “de 2007 até agora tem registado um aumento anual de cerca de 20% de novos doentes”. Ao longo destes 10 anos, a Clínica de Mama do IPO do Porto tratou “mais de dez mil novos doentes com cancro da mama, tendo actualmente em seguimento cerca de 50 mil doentes”.

“A investigação levada a cabo na Clínica de Mama, que ao participar de forma contínua em inúmeros ensaios clínicos internacionais, permite que os seus doentes tenham acesso a tratamentos inovadores, muito antes de estes estarem disponíveis para uso na prática clínica diária”, salienta o IPO. Os resultados alcançados nos últimos anos ditam “um aumento progressivo das taxas de sobrevivência, que hoje se aproximam dos 90% aos 5 anos”.

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