Violência faz pelo menos um morto na repetição das presidenciais

Oposição apelou ao boicote da repetição do voto. “É altura de seguirmos em frente”, disse o Presidente Kenyatta

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Apoiantes de Raila Odinga num protesto em Raila Odinga protest in Kisumu Baz Ratner/REUTERS

Um adolescente atingido a tiro pela polícia morreu nos confrontos de ontem no Quénia, onde estalou a violência no dia da repetição das eleições boicotada pela oposição. Segundo a comissão eleitoral, a votação em quatro praças fortes da oposição foi adiada para amanhã.

O actual chefe de Estado, Uhuru Kenyatta, é apontado como favorito à vitória, uma vez que o candidato da oposição, Raila Odinga, se retirou e apelou ao boicote eleitoral.

Na cidade de Kisumu — onde o adolescente morreu —, a polícia recorreu a gás lacrimogéneo e disparou rajadas sobre uma multidão que atacava com pedras e incendiou barricadas. Três pessoas ficaram feridas, segundo disse uma enfermeira à Reuters — a mesma pessoa disse não ter encontrado mesas de voto abertas.

Ouvido pela BBC, o governador de Kisumu, Peter Anyang’ Nyong’o, pai da actriz Lupita Nyong’o, disse que 29 pessoas ficaram feridas e que duas foram mortas pela polícia.

A polícia de choque interveio igualmente em Kibera e Mathare, dois bairros voláteis nos arredores da capital, Nairóbi. Os manifestantes atearam fogos em Kibera e incendiaram uma igreja em Mathare.

Cerca de 50 pessoas foram mortas, a maioria das quais por agentes das forças de segurança, desde a primeira ida às urnas, a 8 de Agosto. O Supremo Tribunal do Quénia anulou o resultado dessa votação, que deu a vitória a Kenyatta, com base em erros processuais, e ordenou a repetição do acto eleitoral num prazo de 60 dias. Porém, Odinga decidiu apelar ao boicote, porque, disse, imperava a injustiça.

“Estamos cansados, como país, de manobras eleitoralistas. É altura de seguirmos em frente”, disse Kenyatta depois de votar, citado pela BBC. Garantiu que a maior parte do país estava “calmo e pacífico”.

A violência tomou conta das localidades com maior presença de adeptos de Odinga. Já na capital, as secções de voto foram, na parte da manhã, menos concorridos do que nas eleições anuladas de Agosto.

Toda a região da África Oriental acompanha com nervosismo o desfecho destas eleições, já que muitos países dependem do Quénia enquanto ponto nevrálgico de negócios. Já na África Ocidental, Nairóbi é encarada como a muralha de protecção antiterrorista, devido à actividades dos jihadistas do Daesh na Somália.     

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