Milhares de refugiados sírios começam a regressar a casa

Só na primeira metade do ano, mais de 31 mil refugiados regressaram à Síria. Em Setembro, aproveitando a autorização da Turquia para que os sírios aí presentes fossem celebrar uma das principais festas muçulmanas a casa, outras 6000 pessoas permaneceram em território sírio.

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Reuters/YANNIS BEHRAKIS/Arquivo

À medida que o poderio territorial do Daesh na Síria desaparece – na semana passada os militantes jihadistas deixaram definitivamente a cidade de Raqqa, que chegou a ser o bastião do grupo neste país – são milhares os refugiados que começam a regressar a casa. No último mês, uma das principais festas do mundo muçulmano, a Eid al-Adha, também conhecida como a Festa do Sacrifício, foi o motivo para que muitos não regressassem ao país que os acolheu como refugiados.

Como nota uma reportagem do El País, a Turquia decidiu abrir as fronteiras e permitir a dezenas de milhares de refugiados sírios celebrar a ocasião na sua terra natal, aproveitando não só o cessar-fogo acordado entre Ancara, Moscovo e Teerão mas também a derrota praticamente total do Daesh na Síria.

A Festa do Sacrífico foi celebrada este ano entre os dias 31 de Agosto e 4 de Setembro, pelo que a permissão de saída dos refugiados sírios da Turquia seria, à partida, temporária. Desta forma, o Departamento de Imigração de Ancara criou uma plataforma digital para gerir os muitos pedidos de pessoas que queriam atravessar a fronteira para passar estes dias em casa. Apesar de ter sido estabelecido um limite de saídas, em 15 dias quase 53 mil pessoas deixaram o território turco para se dirigirem à Síria, dá conta o El País, citando os dados providenciados pela agência turca DHA.

Ao serem capazes de desfrutar das celebrações nas suas cidades de origem de forma relativamente tranquila, devido principalmente ao cessar-fogo actualmente em vigor, mais de seis mil refugiados sírios não regressaram à Turquia depois do prazo limite estabelecido para esta espécie de férias. Ou seja, cerca de 11% do total de pessoas que saíram.

Este facto ganha especial relevância porque a permissão dada por Ancara não era definitiva. Isto é, depois de passado o prazo estabelecido pelas autoridades turcas, as fronteiras foram novamente encerradas. Antes de cruzarem a fronteira, os refugiados foram obrigados a entregar as credenciais obtidas aquando da sua entrada, como por exemplo, o documento de autorização de residência.

Com cerca de três milhões de refugiados, a Turquia foi o país que mais pessoas recebeu desde o início do conflito na Síria em 2011.

Desde o início deste ano, foram milhares os refugiados que começaram a regressar a casa. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 31 mil sírios regressaram ao país só na primeira metade de 2017. Destes, 65% vieram da Turquia, o que perfaz um total de mais de 20 mil pessoas. 

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