MIT usa tecnologia da bitcoin para emitir diplomas

A universidade norte-americana começou a registar diplomas digitais na blockchain, o sistema por detrás das divisas digitais.

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O MIT adoptou a blockchain da bitcoin JIM URQUHART

Os blockcerts são novos diplomas digitais criados com a mesma tecnologia que está na base da bitcoin. Fazem parte de um projecto-piloto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, para testar os benefícios da blockchain para certificar os seus alunos. Numa actualização recente sobre o plano, a universidade norte-americana revela que já lançou mais de 100 destes diplomas digitais este ano.

“Este piloto torna possível que os alunos tenham a posse total dos seus registos e os possam partilhar de forma segura, com quem escolherem,” explicou a reitora, Mary Callahan, em comunicado.

blockchain é uma base de dados distribuída que serve para registar todas as transacções efectuadas e impedir burlas, em parte porque o registo é permanente e todas as partes ligadas à rede têm a sua cópia da base de dados. O conceito tornou possível que pessoas que não se conhecem de lado nenhum, e não confiam uma na outra, façam transacções sem precisar de ajuda de um terceiro (por exemplo, uma instituição bancária).

O MIT está a usar a mesma tecnologia como uma forma de criar diplomas duradouros, que não se podem perder ou falsificar. “Emitimos um registo oficial num formato que continua a existir mesmo que a instituição desapareça”, observou Chris Jagers, o director executivo da empresa de software Learning Machine, que colaborou com o MIT para criar os blockcerts e a aplicação que os emite na blockchain.

Embora o sistema de blockchain usado pela bitcoin não seja o único, Jagers defendeu que este continua a ser o “padrão-ouro”, porque dá prioridade à segurança das transacções em detrimento de outras qualidades como “rapidez, custo ou facilidade de uso”. Segundo Jagers: “É a escolha certa para registos oficiais que têm de durar uma vida e funcionar em qualquer ponto do mundo.”

Porém, para a informação do MIT ser encriptada na blockchain, é preciso que cada aluno obtenha uma chave pública e privada que o identifica. Trata-se de um conjunto de números únicos que não inclui o nome ou informação pessoal. Foi a maior barreira para a universidade. “Ninguém sabe do que estamos a falar", disse Jagers. "É uma enorme bloqueio dizer aos alunos que criem chaves publico-privadas para a blockchain da bitcoin."

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A aplicação ajuda os alunos a criar a chave pública e privada MIT

A solução foi criar uma aplicação própria para simplificar o processo. Os alunos interessados em ter um diploma na blockchain usam a aplicação Blockcerts, do MIT, para gerar parte dessa chave, e a enviar à universidade, que a escreve nos seus registos digitais. Quando terminam o curso, essa mesma chave é introduzida junto à nota de emissão de certificado do MIT na blockchain (o diploma em si não é colocado na rede, apenas a informação de quando foi criado). Depois, os alunos recebem uma versão digital do diploma com uma chave pública que podem utilizar para encontrar o registo do seu certificado universitário. Provam a posse do diploma ao utilizar a chave pública em conjunto com a chave privada a que têm acesso .

A reitora Mary Callahan está satisfeita com o progresso do projecto-piloto. “Acredito que isto dá grande valor à educação superior”, frisou Callahan. Diz já ter recebido vários pedidos de informação de colegas na Comissão Europeia e de outras universidades do mundo.

Este mês, a universidade de Melbourne, na Austrália, revelou que também está a utilizar a tecnologia do Learning Labs e do MIT para emitir certificados digitais. Já o governo de Malta está à procura de formas de registar permanentemente as mudanças no percurso académico dos seus cidadãos através desta tecnologia.

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