Lidl despede funcionário por trabalhar horas a mais

O gerente de uma loja em Barcelona entrava antes da hora para preparar a abertura. Foi despedido, mas defende-se ao considerar a atitude da empresa hipócrita já que, para conseguir atingir os objectivos de vendas impostos, era preciso trabalhar mais horas.

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O antigo gerente trabalhava há mais de uma década na loja em Barcelona Leonhard Foeger/REUTERS

Jean P. trabalhava no Lidl desde 2005 e era gerente de uma das lojas da cadeia alemã em Barcelona mas acabou por ser despedido em Junho passado, quando a empresa se apercebeu que o funcionário trabalhava horas a mais: entrava antes do tempo e não picava o ponto. Mas o antigo funcionário alega que era preciso trabalhar fora do seu horário de expediente para atingir os objectivos de vendas e preparar o supermercado após uma reestruturação. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo El País.

Antes de ter picado o ponto, o funcionário “trocava preços ou repunha paletes inteiras de artigos”, segundo a carta de despedimento consultada pelo jornal espanhol El País. Acabou por ser despedido por “incumprimentos laborais muito graves”, após uma investigação em que a cadeia de supermercados alemã reviu as imagens de segurança da loja em questão.

A empresa apercebeu-se que o homem passava demasiado tempo sem picar ponto, o que vai contra as condições de trabalho do Lidl: todos os minutos trabalhados devem ser pagos e devem ficar registados. Além disso, segundo a versão oficial do Lidl, Jean acabava muitas vezes por trabalhar sozinho – algo que também não é permitido por motivos de segurança – e chegou a incitar outros trabalhadores daquela loja a chegar mais cedo também.

Já a versão do antigo gerente é diferente: ainda que admita ter trabalhado esse tempo extra, Jean garante que nunca obrigou nenhum outro funcionário a ir consigo para a loja mais cedo e referiu que a empresa em momento algum lhe disse que não poderia ir para a loja antes da hora para preparar a abertura. O trabalhador acredita que o seu despedimento não é justo e já recorreu aos tribunais para que o voltem a empregar na loja.

Jean afirma ainda que, alguns dias antes àqueles investigados pela empresa, tinha havido uma reestruturação da loja. "Os superiores sabiam e tinham consciência" de que essas alterações "requeriam tempo e dedicação", defende-se o antigo funcionário.

Também o advogado do antigo gerente afirma que a conduta de Jean não foi em seu proveito, mas sim em proveito da empresa. O advogado, Juan Guerra, também citado pelo El País, denuncia a “hipocrisia” da empresa por nunca ter acusado anteriormente o funcionário e por pressionar os trabalhadores a conseguirem mais vendas. Para conseguir atingir esses objectivos de vendas, defende-se o gerente, era preciso trabalhar as horas extra que resultaram no seu despedimento.

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