Rio e Santana vão para a estrada sábado ao encontro dos militantes

O PSD entre o “elefante” na sala e uma “terceira via [mais] geracional”.

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Rui Rio inicia volta ao país duas semana depois de ter apresentado a sua candidatura LUSA/PAULO NOVAIS

Aos poucos, a campanha para a liderança do PSD começa a desenhar-se e os dois candidatos que estão na corrida preparam-se para ir ao encontro das bases já neste fim-de-semana. Ambos escolheram o Norte para se lançarem na volta ao país a caminho da presidência do PSD.

Pedro Santana Lopes escolheu o concelho de Valongo, no distrito do Porto, para o seu primeiro encontro com militantes, marcado para a tarde de sábado. Já Rui Rio tem prevista uma acção com as bases na noite de sábado, em Vila Real, no nordeste transmontano, que já foi um bastião social-democrata. No dia seguinte, o ex-presidente da Câmara do Porto vai encontrar-se com militantes da região da Guarda.

Nesta quinta-feira à noite, Santana Lopes junta-se à estrutura de campanha no distrito do Porto num jantar marcado para a Estalagem da Via Norte, em Matosinhos.

Depois do balde de água fria das recentes eleições autárquicas, os sociais-democratas entram agora numa disputa pela liderança que vai abrir fracturas internas entre santanistas e riistas.

Numa assembleia da distrital do Porto, nesta semana, o deputado do PSD, Paulo Rios de Oliveira, que coordenou as autárquicas no Porto, falou de uma “derrota pesada”, frisando que era “importante perceber o que correu mal, muito mal, e tirar dessa análise ensinamentos para o futuro”. “Nem tudo foi culpa nossa, mas nem tudo foi culpa alheia”, declarou Paulo Rios de Oliveira. “Temos de seguir em frente, mas espero sair daqui com uma franca análise política do resultado eleitoral e da ‘doença’ que acometeu o PSD no distrito do Porto”, desafiou o parlamentar para logo se deter no “elefante que estava no meio da sala e sobre o qual ninguém parecia querer falar”. O elefante a que Rios se referia eram as eleições directas.

Apoiante do ex-presidente da Câmara do Porto na corrida das directas, Paulo Rios de Oliveira mudou a agulha das autárquicas para a disputa interna e desafiou a sala a “retirar conclusões quanto às escolhas” para a liderança do partido, para logo perguntar: “Quem poderá ser mais eficaz e credível para fazer oposição a esta específica fórmula de governação socialista?” “Se estamos a falar de um potencial primeiro-ministro, quem estará mais vocacionado para exercer tal responsabilidade?”, perguntou ainda Paulo Rios, apelando para não se “ceder à tentação do ataque fácil, populista ou infundado”. “Vamos debater projectos e o futuro político, em vez de passado, currículo ou ‘cadastro político’”, pediu.

Houve quem não gostasse das palavras de Paulo Rios de Oliveira e Pedro da Vinha Costa, que liderou a candidatura do PSD à Câmara de Matosinhos em 2013, deu nota desse descontentamento, criticando a intervenção do deputado.

Com as directas na agenda, o vice-presidente da concelhia portuense, Alberto Lima, disse esperar que o partido “não se autodestrua” neste combate e, apesar de já ter o seu voto decidido, que não revelou, Alberto Lima declarou que gostava que “houvesse uma terceira via [mais] geracional para a liderança do PSD”.

Questionado pelo PÚBLICO a explicar melhor o seu pensamento, o dirigente concelhio declarou: “Acho que o PSD não se modernizou e os dois interlocutores [Santana Lopes e Rui Rio] já tiveram a oportunidade de o fazer, mas não o fizeram nem ao nível da organização interna nem na informação externa (...) O que eu disse na assembleia distrital foi que gostava que houvesse uma terceira via [mais] geracional para a liderança do PSD”, reafirmou, notando que o “partido precisa de ser modernizar no plano tecnológico e também nos procedimentos. Temos de ter uma estrutura menos caciqueira”.

Alberto Lima não se referiu ao Manifesto Nós, sociais-democratas, lançado este mês. José Eduardo Martins é o rosto de um movimento que vai andar pelas distritais do PSD no próximo mês e tira conclusões em Dezembro, mas ninguém assume que possa vir a dar origem a uma candidatura à liderança.

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