Défice "é das últimas preocupações" de Costa. Prejuízos de 360 milhões para as empresas

Primeiro-ministro diz que prioridade é reconstruir e país e que a questão do défice não é colocada pela Comissão Europeia.

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Para o primeiro-ministro, não deve haver uma "obsessão" com o défice das contas públicas LUSA/PAULO NOVAIS

Numa altura em que estão a ser implementadas medidas de apoio às áreas afectadas pelos fogos florestais, António Costa não quer pensar no défice. "Essa tem que ser uma das últimas preocupações neste momento". Para o primeiro-ministro, não deve haver uma "obsessão" com o défice das contas públicas "quando a prioridade é reconstruir o país". Lembra, no entanto, que há precauções a tomar, como "ter uma trajectória de consolidação orçamental".

Mas este não é o momento para olhar irredutivelmente para as metas do défice, considera. A última preocupação que as pessoas perceberiam é se estamos aqui a discutir uma décima ou menos uma décima", afirma, sublinhando que "é uma questão que a Comissão Europeia não nos coloca" e que, por isso, "não vale a pena estarmos a criar angústias".

Costa falava aos jornalistas no final de uma reunião na Comissão de Cooperação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), em Coimbra, para apresentação de medidas de apoio aos prejuízos provocados pelos incêndios deste mês, onde participaram também os ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, da Economia, Manuel Caldeira Cabral e o Adjunto, Pedro Siza Vieira. O secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nélson de  Souza, esteve também presente. 

Pondo a questão do défice de parte, a prioridade passa por apoiar as famílias afectadas, a reconstrução das habitações e do tecido económico. António Costa entende que, através da revitalização do tecido económico, se impede um ciclo que iria resultar em mais desertificação. "É absolutamente central", sustenta, tendo de haver um esforço em "compatibilizar" com as contas públicas.

As formas de compatibilizar variam. Pode ser através da mobilização de fundos comunitários, de "isenções de certas despesas para o efeito do défice" por parte da União Europeia ou da reengenharia de dinheiro da Europa.

António Costa explica que a reunião desta quarta-feira serviu para fazer "chegar de forma mais rapidamente possível aos empresários o conjunto de medidas que estão já disponíveis para financiar a reconstrução do tecido empresarial". Entre elas está o apoio a fundo perdido de 100 milhões de euros, a linha de crédito com garantia pública de 80% e dois novos mecanismos para atrair investimento para a região no valor de 80 milhões de euros. O primeiro-ministro refere que estes instrumentos estarão disponíveis a partir de 6 de Novembro, à excepção da linha de crédito, que ainda tem de ser articulada com o sistema financeiro.

Ressalvando que o levantamento definitivo ainda não está concluído, Nélson de Sousa estima que cerca de 350 empresas foram afectadas pelos incêndios em todo o país, sendo que algumas foram destruídas totalmente e outras apenas registaram danos parciais. As contas que já estão feitas apontam para danos de 360 milhões de euros, sendo a fatia mais substancial na zona centro.

Sobre a destruição de várias zonas industriais, Costa retira "uma lição para o futuro". Há "a necessidade de os parques industriais terem outra estruturação, outra resiliência" e outra capacidade de resposta.

No final do encontro, o primeiro-ministro disse ainda que leva um caderno de encargos e de medidas que o governo pode tomar "para aliviar a tesouraria e criar melhores condições para as empresas poderem funcionar". "É importante que o diálogo se mantenha", concluiu.

Nos dias 15 e 16 de Outubro, foram vários os municípios que viram grande parte da sua área arder, a maior parte nos distritos de Coimbra, Viseu, Guarda e Castelo Branco. Ao todo, morreram 45 pessoas e 70 ficaram feridas devido aos incêndios. Em Junho, o incêndio de Pedrógão Grande provocou a morte a 64 pessoas e feriu 250.

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