Moreira: "Não fomos eleitos para arbitrar. Fomos eleitos para governar"

Na tomada de posse como presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, que agora tem a maioria absoluta, falou sobretudo para a oposição, avisando-a que não deve esperar concessões.

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Manuel Roberto
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No momento em que tomou posse, pela segunda vez, como presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira escolheu temas recorrentes no seu discurso e a maior novidade foi mesmo para a oposição: podem esperar ser ouvidos, mas não esperem que as suas propostas sejam acatadas, disse o autarca que venceu as últimas eleições com maioria absoluta, ao contrário do que acontecera em 2013.

Com a plateia do Teatro Rivoli a abarrotar e a líder do CDS, Assunção Cristas, na plateia, além de vários autarcas, incluindo o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e também o presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñez Feijó, foi mesmo à oposição que Moreira dirigiu a pare inicial do seu discurso. "O respeito pela oposição, que aqui saúdo, e pela diversidade das opiniões em que o Porto é tão fértil, não implica que todas sejam acatadas e não pode entorpecer a nossa capacidade e obrigação de concretizarmos aquilo que de nós é esperado, por mandato, dos portuenses". E ainda acrescentou: "Foram os portuenses que nos garantiram estas condições de governabilidade".

Por isso, frisou Rui Moreira, a oposição não deve esperar concessões. "Não fomos eleitos para arbitrar. Fomos eleitos para governar e, por isso, não seremos neutrais perante tudo o que se quer, diz ou faz", disse.

E o que o executivo por ele liderado se propõe fazer é concluir os projectos lançador no mandato anterior - como o do Mercado do Bolhão ou do Pavilhão Rosa Mota -, continuar a assumir a Cultura como prioridade (pelouro que o autarca vai manter) e avançar com novas medidas para tentar regularizar o turismo que, avisou o autarca, não deve ser alvo de uma "turismofobia".

Uma das formas de tentar equilibrar o impacto do turismo, garantindo que há oferta de alojamento suficiente para moradores, a preços comportáveis, será, segundo o autarca, o recurso a uma "densificação em zonas específicas". E para os que se preocupam com o que isto possa significar, o autarca deixou um aviso: "O Porto não se pode enamorar de um idílio nostálgico e tradicionalista".

Entre as outras medidas prometidas pelo presidente da câmara está a "criação de residências para seniores". Uma "resposta inevitável" para responder ao envelhecimento da cidade.

Voltando a temas que lhe são caros, Rui Moreira criticou as alterações legislativas que dificultam a contratação pública e argumentou que qualquer tentativa de descentralização só fará sentido com a equivalente transferência de competências. E prometeu não se calar perante o governo central. "O Porto não pedirá licença para falar pelo Norte", afirmou.

Na sessão que começou pouco depois das 17h, no Rivoli, com a actuação do grupo vocal Sopa de Pedra, tomaram posse primeiro os membros eleitos para a Assembleia Municipal e, depois, o executivo da câmara.

A vereação tomou posse já com o conhecimento dos pelouros que seriam assumidos por cada um dos eleitos pela lista independente de Rui Moreira e cuja formalização deverá acontecer esta quinta-feira, em reunião privada do executivo. Desta vez, com maioria absoluta, todos os eleitos pelas outras forças políticas ficaram sem qualquer pelouro atribuído.

Distribuição de pelouros

Assim, o presidente  mantém sob a sua alçada o pelouro da Cultura, além das Finanças e Sustentabilidade. Há caras novas e pelouros que mudam de nome.

O vice-presidente da autarquia será Filipe Araújo, que continuará a ser também o responsável pela Inovação e Ambiente, pelouro que já detinha no primeiro mandato de Rui Moreira, que agora termina. Cristina Pimentel, que conduzia a Mobilidade, terá agora sob a sua gestão um pelouro que passará a chamar-se Transportes, além de assumir a Fiscalização e Protecção Civil. Dos repetentes no elenco governativo de Moreira, o vereador Ricardo Valente, que assumiu um pelouro em Julho do ano passado, mantém-se à frente da Economia da câmara, a que se junta agora o Turismo e o Comércio, num novo pelouro com essas três vertentes (Economia, Turismo e Comércio) a que se junta o da Gestão dos Fundos Comunitários.

Os novos membros do executivo ficam com os restantes pelouros. Catarina Araújo será a responsável pela Juventude e Desporto e também pelos Recursos Humanos e Serviços Jurídicos, Pedro Baganha fica com o Urbanismo e o pelouro do Espaço Público e Património, e Fernando Paulo será agora o responsável pela Habitação e Coesão Social e pela Educação.

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