Museu do Chiado quer adquirir seis obras da colecção privada de Isabel Vaz Lopes

A coleccionadora tinha pedido, em Setembro, para desafectar a totalidade das peças que depositara naquele museu nacional.

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DANIEL ROCHA

A direcção do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC) propôs ao Ministério da Cultura, através da Direcção-Geral de Património Cultural (DGPC), a aquisição de seis obras de artistas portugueses da colecção privada de Isabel Vaz Lopes, que ali se encontra em depósito. Em cima da mesa, segundo adiantou à Lusa a directora do MNAC, Aida Rechena, está a compra de seis obras de fotografia, mas "poderão seguir-se outras propostas para a aquisição de obras de outra tipologia".

A proposta agora apresentada à tutela pelo MNAC vem na sequência de um pedido de desafectação da colecção ali depositada desde 2003 pela coleccionadora privada Isabel Vaz Lopes, uma intenção noticiada em primeira mão pelo PÚBLICO no final de Setembro. O acervo em causa inclui obras de Pedro Cabrita Reis, Paulo Nozolino, Rui Chafes, Jorge Molder, José Pedro Croft, José Luís Neto ou Hugo Canoilas, alguns dos quais não estão representados na colecção do museu. Isabel Vaz Lopes atribuía então o pedido de devolução à sua vontade de "encerrar uma fase" da vida, criticando também o deficiente enquadramento do "papel cívico" dos coleccionadores na política dos museus.

Em declarações à Lusa, Aida Rechena explica agora que a proposta dirigida à tutela resulta de uma indicação da curadora Emília Tavares. Considerando o acervo "importante" para o MNAC, admite a possibilidade de se sucederem outras propostas de aquisição, mas ressalva que entretanto, e atendendo a "que a coleccionadora accionou, como é seu direito, a cláusula de denúncia do protocolo, o museu vai desafectar as obras, com autorização superior da DGPC".

A colecção Isabel Vaz Lopes está há 14 anos no único museu nacional dedicado à arte contemporânea – a instituição de referência nesse domínio, o Museu de Serralves, tutelado pela fundação com o mesmo nome (uma instituição privada de utilidade pública), tem outro estatuto jurídico. Em Setembro, aquando da notícia de que a coleccionadora não pretendia a renovação do protocolo de depósito, Aida Rechena, directora do MNAC-MC desde 2016, reconhecia ao PÚBLICO o “interesse crucial para o museu” deste espólio, destacando a “qualidade e o valor artístico das obras que o constituem", mas também a sua coerência e a sua representatividade, e sublinhando tratar-se de "um núcleo importantíssimo para a realização de exposições e para a investigação em arte contemporânea”.

A Lusa contactou a DGPC sobre esta proposta de aquisição, e aguarda uma resposta da tutela.

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