Grupo de polícias encheu quatro carrinhas para ajudar “quem perdeu tudo”

Seis polícias da divisão de Sintra passaram o dia e noite de sábado a distribuir ajuda nas aldeias fustigadas pelos fogos de há uma semana, no distrito de Coimbra.

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Foi “surreal” a rapidez com que a vontade de ajudar um colega se tornou numa “grande acção de solidariedade” que permitiu a um grupo de polícias encher quatro carrinhas com roupa, mobília e utensílios para entregar às vítimas dos incêndios no distrito de Coimbra.

Foi o Facebook que ligou o grupo de polícias de Sintra a um colega que perdera a casa no Pinheirinho, uma aldeia na fronteira dos concelhos de Oliveira do Hospital, Arganil e Tábua. “O fogo tinha-lhes levado tudo.” Quiseram ajudar.

Luís Moreira, agente da PSP de Mem Martins, e os colegas começaram então a recolher roupa e “tudo o que desse jeito a alguém que perdeu tudo”. A recolha começara entre polícias e as suas famílias. Depois veio de “todo o lado” e o plano de encher uma carrinha – emprestada pelo Sindicato Nacional da Polícia – teve que ser repensado.

Pediram ajuda no transporte e “rapidamente” – Luís nem não sabe como – havia mais três carrinhas prontas a ser carregadas. “Ficaram as quatro cheias até cima” e a comida recolhida encheu mais um carro. "Há cinco dias, pensávamos que íamos recolher coisas para um, mas foi para muito mais gente."

Segundo Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, a iniciativa foi "espontânea" e colheu também apoios do Sindicato Independente Livre da Polícia (SILP). "Em momentos como este, os sindicatos não são feitos de lutas, mas também de causas", sublinha o dirigente sindical.

Luís Moreira não consegue contabilizar a quantas famílias entregaram a roupa, a mobília, as bicicletas, os triciclos ou os colchoes que em três dias apareceram na esquadra. Só sabe que partiram de Sintra às 10h e às 23h ainda distribuíam ajuda por Cabeçadas, Pinheirinho e Tábua. Andaram de “localidade em localidade”.

Ainda cheirava a fumo quando deixaram a aldeia de Pinheirinho. E Luís só conseguia perguntar aos habitantes da aldeia se “ainda iam ficar a dormir ali”. Eles respondiam-lhe que "sim, que não tinham para onde ir". Luís e três colegas voltaram este domingo para Sintra, “dois ainda lá ficaram a distribuir o resto, a ver o que faz mais falta”. "Era bom que não fosse preciso lá voltar."

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