Rio recusa debates com Santana nas distritais. Não quer "espectáculo ambulante pelo país fora"

Ex-presidente da Câmara do Porto responde ao seu adversário e diz que a campanha não deve "ser transformada num espectáculo ambulante pelo país fora".

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Rui Rio na apresentação da sua candidatura Adriano Miranda

Rui Rio, candidato à liderança do PSD, não está disponível para participar em debates em todas as distritais como propôs no domingo o seu adversário, Pedro Santana Lopes, na apresentação da sua candidatura à presidência do partido.

"Esta proposta de fazer 20 debates é uma proposta coerente com o estilo do meu adversário, mas desfasada do que eu entendo que devem ser estes três meses que temos pela frente", escreve Rui Rio, numa nota enviada ao PÚBLICO e onde afirma que a campanha não deve "ser transformada num espectáculo ambulante pelo país fora".

Na nota, o ex-presidente da Câmara do Porto e antigo secretário-geral do PSD aproveita para “corrigir” “algumas mentiras e meias verdades" de Santana Lopes durante a apresentação da candidatura, em Santarém.

Para Rui Rio, "não são precisos 20 debates para que a verdade possa ser facilmente reposta".

O antigo presidente do PSD Santana Lopes sugeriu no domingo às diferentes distritais e organizações regionais do partido que promovam debates com ele e o seu rival na corrida às directas de Janeiro. "Não faço desafios a ninguém, mas gostaria que as distritais do partido e as organizações regionais organizassem cada uma um debate", sustentou Pedro Santana Lopes.

Na nota, Rui Rio salienta que "ao contrário do que foi dito", nunca esteve presente nas sessões da Aula Magna, em Lisboa, contra o Governo do PSD - nas quais participou Pacheco Pereira, ao lado do antigo Presidente da República Mário Soares.

"Tal como também nunca fui tão colaborativo com essa mesma esquerda, ao ponto de conseguir ser nomeado pelo actual Governo PS-BE-PCP para um alto cargo público", afirmou Rio, numa referência à recondução de Pedro Santana Lopes pelo actual executivo socialista como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), funções que ocupava desde 2011 e que deixou na sexta-feira.

Para Rui Rio, estas questões não necessitam de vinte debates para serem esclarecidas: "São pontos muito fáceis de esclarecer, porque é impossível verem-me onde eu não estive, e não se ver outros onde eles estiveram, principalmente quando somos convidados a fazer exercícios de coerência discursiva", refere. 

O ex-autarca do Porto sugere que a campanha interna para as eleições directas no PSD, que vão decorrer no dia 13 de Janeiro, "tem de ser viva e tem de ter alegria para ajudar a motivar as pessoas para a participação, mas tem de ser, acima de tudo, um período de diálogo sereno com os militantes e, até, com os portugueses que nele também queiram participar".

Rui Rio foi um dos principais alvos da intervenção de Santana que, de resto, aproveitou a sessão para dizer que, com Pedro Passos Coelho no Governo, o ex-presidente da Câmara do Porto aceitou um convite da "Animo", do antigo assessor parlamentar do PS, António Colaço, para estar presente num almoço na Associação 25 de Abril com a presença do "capitão de Abril" Vasco Lourenço.

Poucas horas depois, a candidatura de Santana Lopes reagia com algum estrondo às declarações do ex-presidente da Câmara do Porto, que recusou debates com “as bases” do partido.

A candidatura de Santana Lopes fez saber que a posição assumida por Rio pode inviabilizar quaisquer outros debates entre os dois candidatos à liderança do partido, mesmo aqueles que  venham a ser promovidos pelos órgãos de comunicação social.

“Queremos lamentar a recusa, naturalmente, e manifestar uma grande admiração pelo facto de se recusar uma sugestão, tratou-se de uma sugestão e não de um desafio”, afirmou à Lusa o deputado Fernando Negrão, que falou em nome da candidatura de Pedro Santana Lopes, vincando que “não foi feito nenhum desafio ao dr. Rui Rio”.

Salientando que a intenção do candidato, quando aludiu aos frente-a-frente nas distritais - sugeriu 21 -, era salientar a importância de “debater com os militantes e esclarecer as bases do PSD, o ex-ministro de Santana Lopes e de Passos Coelho, Fernando Negrão, defendeu que “as eleições são no partido e que é perante o partido que se deve debater e que, se não forem aceites estes debates, outros poderão não acontecer”.

De acordo com Negrão, “o que conta são as bases e os militantes. Antes de outros debates, os debates prioritários têm de ser com os militantes e as bases do PPD/PSD”. E praticamente fechou a porta a uma eventual redução do número de frente-a-frentes, declarando que Rui Rio torna difícil esse compromisso. “Um meio-termo aqui é difícil, porque a resposta foi liminar e recusou liminarmente a sugestão do dr. Pedro Santana Lopes, o que quer dizer que não há vontade de meios-termos por parte da candidatura do dr. Rui Rio”.

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